domingo, 26 de agosto de 2012

Via Email: BRASIL! BRASIL!



BRASIL! BRASIL!


Posted: 25 Aug 2012 07:56 PM PDT


Frei Betto, Adital

"Em 2010 o mundo foi surpreendido pela divulgação de uma série de documentos comprobatórios de que muitos governos e autoridades dizem uma coisa e fazem outra. A máscara caiu. Todos viram que o rei estava nu.

O site WikiLeaks, monitorado pelo australiano Julián Assange, publicou documentos secretos que deixaram governos e autoridades envergonhados, sem argumentos para justificar tantos abusos e imoralidades.

Maquiavel já havia afirmado, no século XVI, que a política tem pelo menos duas caras. A que se expõe aos olhos do público e a que transita nos bastidores do poder.

Bush e Obama admitiam torturas no Iraque, no Afeganistão e na base naval de Guantánamo, enquanto acusavam Cuba, na Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, de maltratar prisioneiros...

O WikiLeaks nada inventou. Apenas se valeu se fontes fidedignas para coletar informações confidenciais, em geral constrangedoras para governos e autoridades, e divulgá-las. Assim, o site desempenhou importante papel pedagógico. Hoje, as autoridades devem pensar duas vezes antes de dizer ou fazer o que as envergonhariam, caso caísse em domínio público.

Apesar da saia justa, o cinismo dos governos parece não ter cura. Em vez de admitirem seus erros e tramoias de bastidores, preferem bancar a raposa da fábula de Esopo, divulgada por La Fontaine. Já que as uvas não podem ser alcançadas, melhor alegar que estão verdes...

Acusam Julián Assange – não de mentir ou divulgar documentos falsos – mas de haver praticado estupro de prostitutas, na Suécia.

Ora, com todo respeito à mais antiga profissão do mundo, sabemos todos que prostitutas se entregam a quem lhes paga. E por dinheiro – ou ameaça de extradição quando são estrangeiras - algumas delas podem ser induzidas a fazer declarações inverídicas, como a esdrúxula acusação de estupro."
Artigo Completo, ::AQUI::


Posted: 25 Aug 2012 06:09 PM PDT


"A crise econômica internacional continua se aprofundando, ampliando o espectro de vítimas entre as nações, populações, trabalhadores, jovens, aposentados, levando a recessão aos quatro cantos do mundo tendo como olho do furacão os Estados Unidos e a Europa.

Eduardo Bomfim, Vermelho

O Brasil apesar de não se encontrar em situação dramática também foi atingindo por esse furacão financeiro, cuja consequência mais exposta tem sido a sistemática redução do crescimento econômico do País e a decorrente diminuição do PIB nacional, o produto interno bruto, a soma das suas riquezas produzidas.

É verdade também que os males que afligem o potencial do crescimento nacional possuem outras variáveis além da crise capitalista global, encontram-se ainda no modelo adotado nos últimos anos baseado principalmente no forte incentivo ao consumo da população.
Essa política de emergência tem servido como contenção às sucessivas ondas recessivas da economia mundial mas não vai resistir por muito tempo às investidas depressivas do cenário econômico internacional porque a capacidade de consumo da população tem limites e caminha para a saturação através do endividamento dos cidadãos.

Assim torna-se urgente ao País a adoção de políticas de crescimento através de fortes investimentos em infra-estrutura de caráter estratégico como rodovias, portos, ferrovias, siderurgia, novas tecnologias nas áreas de produção dos setores público e privado etc.
É fundamental um gigantesco esforço para a recuperação, renovação dos setores da saúde, educação, formação de mão de obra qualificada, prioridades em ciência e tecnologia, condições decisivas para um novo projeto nacional de desenvolvimento que possibilite ao País alcançar outro patamar entre as nações no novo milênio.

Quanto à crise mundial ela reflete entre outras coisas que o sistema financeiro internacional não pode mais manter incólumes os mecanismos de brutal especulação, concentração do capital em detrimento das esperanças e dignidade da maioria das nações e da humanidade.
Nem os Estados Unidos continuar impondo os desígnios imperiais através do seu complexo industrial militar, da emissão tresloucada do dólar para financiar ambições geopolíticas por territórios, riquezas estratégicas, intimidando a paz e os povos. O descontrole do capital global, os delírios imperiais dos EUA, são, em perspectiva, graves ameaças ao Brasil."


Posted: 25 Aug 2012 05:59 PM PDT


"Na CPI, arrecadador do PSDB dirá que candidato tucano era sua "bússola" na Dersa, que fez a obra do Rodoanel


O engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, continua mandando recados ao ex-chefe José Serra. Ex-diretor da Dersa e também arrecadador de recursos do PSDB no período em que Serra governou São Paulo (2006-2010) e construiu o trecho Sul do Rodoanel, além de ter feito a ampliação das marginais com a participação da Delta, Paulo Preto irá depor na próxima quarta-feira na CPI da Operação Monte Carlo.

A interlocutores próximos, ele disse novamente que citará José Serra no depoimento. Afirmará que Serra era sua "bússola" na estatal e que dispõe até de documentos assinados por ele. Na campanha presidencial de 2010, Paulo Preto foi acusado de desviar R$ 4 milhões arrecadados para a candidatura tucana.

Paulo Preto não apresentou requerimento para permanecer calado na CPI, assim como o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antônio Pagot, que depõe um dia antes. Ambos prometem movimentar uma CPI que vinha perdendo o fôlego nas últimas semanas e o ex-diretor da Dersa pode tornar ainda mais delicada a situação da candidatura Serra em São Paulo."
Foto: Divulgação


Posted: 25 Aug 2012 05:26 PM PDT


Altamiro Borges, Blog do Miro

"Em seu sítio, o controvertido jornalista Cláudio Humberto divulgou nesta semana uma notinha que explica o desespero do PSDB com o depoimento do famoso Paulo Preto na CPI do Cachoeira, já agendado para 29 de agosto. Segundo revela, o ex-diretor da Dersa e um dos principais "arrecadadores" da campanha tucana em 2010, comentou: "Minha ética é a ética do Serra... Afinal de contas, nós somos como irmãos siameses". A mensagem foi encarada por muitos com uma ameaça, uma coisa típica dos mafiosos em perigo.

Hoje, na Folha, ele voltou a avisar "aos tucanos que dirá à comissão que seus atos à frente da empresa eram de conhecimento do ex-governador e hoje candidato à prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB). Paulo Preto, como é conhecido, foi convocado pela CPI para esclarecer suspeitas de superfaturamento na obra de ampliação da marginal Tietê. A ampliação era responsabilidade de consórcio liderado pela construtora Delta - empresa da qual o empresário [sic] Carlinhos Cachoeira é sócio oculto, de acordo com a Polícia Federal".
Artigo Completo, ::AQUI::


Posted: 25 Aug 2012 11:55 AM PDT



Posted: 25 Aug 2012 11:45 AM PDT



"Uma coletânea de gravações em vídeo apreendida durante a Operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro, pela Polícia Federal (PF) na casa do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de explorar jogos de azar, foi entregue na sexta-feira à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.

A operação resultou na prisão de Cachoeira e integrantes da organização criminosa que comandava casas de jogos em vários municípios de Goiás. O material entregue contém 270 CDs, um DVD. Entre as gravações, está a que aparece o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), negociando com o contraventor.

Na semana passada, um grupo de parlamentares que integram a CPMI esteve com diretores da Polícia Federal, em Brasília, solicitando o envio das gravações apreendidas na casa de Cachoeira e em imóveis pertencentes a outros integrantes da quadrilha.

Os vídeos foram liberados com um ofício, assinado pela delegada Silvana Helena Viera Borges, informando que consta entre os documentos relatórios de análise do material apreendido, laudos periciais e cópias das mídias.

A secretaria da CPMI informou que o material ficará em um cofre e que, a partir da próxima semana, estará disponível para consulta dos membros da comissão. Uma equipe de técnicos do Senado atualizará os 12 computadores da sala do cofre da CPMI para permitir aos parlamentares o acesso aos dados.

Na próxima terça-feira a CPMI se reunirá para ouvir o depoimento do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot e do empresário Adir Assad, acusado de ser o dono de empresas de fachada. Na quarta-feira, serão ouvidos o ex-dono da Delta Fernando Cavendish e do engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ligado ao PSDB de São Paulo."



Posted: 25 Aug 2012 10:58 AM PDT


'Governador paulista entrou com ação direta de inconstitucionalidade contra incentivos da Zona Franca de Manaus, onde o também tucano Arthur Virgílio lidera as pesquisas; revoltado, o candidato ameaça até deixar o PSDB: "Esse partido não tem apetite para disputar o poder"

Brasil 247 / Amazonas 247

"O PSDB pode estar prestes a perder um de seus quadros mais simbólicos: o ex-senador Arthur Virgílio, que foi líder do governo FHC e uma das principais vozes do partido nos últimos anos. O motivo: o também tucano Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, acaba de sabotar sua candidatura, ao ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade contra os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus – o que, naturalmente, já virou o mote de seus adversários. "O PSDB é inimigo da Zona Franca de Manaus", disse ao 247 a senadora Vanessa Grazziotin, do PC do B, que é a principal adversária de Arthur Virgílio (leia aqui sua entrevista).

Conhecido em Manaus como Arthur Neto, o ex-senador tucano ficou indignado. Mais: ficou irado e fala até em deixar o PSDB. "Esse partido não tem apetite para disputar o poder. Perdendo três eleições seguidas, acostumou-se com esse negócio de vice. Estou farto. Ganhando ou perdendo a eleição, vou avaliar se fico nesse partido, porque a base de um partido é a solidariedade", declarou.

Na última pesquisa Ibope, Arthur Neto tinha 30% das intenções de voto e era o um dos favoritos nessa disputa. Comenta-se até, em Manaus, que ele tenha o apoio velado do prefeito Amazonino Mendes e do governador Omar Aziz, que é do PSD, o mesmo partido de Gilberto Kassab, aliado de José Serra em São Paulo.

A iniciativa de Alckmin, no entanto, pode jogar por terra seu favoritismo. Vanessa Grazziotin tem a seu lado o ex-presidente Lula, que ampliou os incentivos da Zona Franca, e o ex-governador Eduardo Braga, que também foi responsável por essa conquista. Todos tentarão carimbar Arthur Virgílio como membro de um partido que combate o polo industrial de Manaus."
Foto: Edição/247


Posted: 25 Aug 2012 10:47 AM PDT


Claudio Bernabucci, CartaCapital

"John K. Galbraith, um dos mais importantes economistas do século XX, pronunciou-se algumas vezes sobre a "imbecilidade dos capitalistas". A observação factual da crise sistêmica que o mundo está vivendo, sem perspectiva de solução equilibrada dentro das regras existentes, levaria a pensar que a afirmação do economista canadense tivesse fundamento.

No entanto, do ponto de vista das ideias, devemos reconhecer que, nas últimas décadas, o capitalismo neoliberal teve a capacidade de exercer uma hegemonia ímpar sobre todas as atividades humanas. Sofisticados instrumentos teóricos e culturais permitiram a esta nova ideologia eliminar qualquer resistência e crítica significativas, a ponto de se configurar como um "pensamento único". Só recentemente, diante dos graves escândalos no coração do sistema, este primado começou a ser posto em discussão de forma incisiva.

Já mencionamos a batalha de ideias em curso e a relação de forças existentes. Vale a pena reiterar que estamos assistindo a uma autêntica guerra global dentro do sistema capitalista, da qual o neoliberalismo sairá derrotado ou vencedor. No último caso, podemos estar certos: o que resta da democracia no planeta estaria seriamente comprometido. Neste quadro, a circulação das ideias em escala planetária é fundamental para a definição do resultado. Somente por meio da difusão de pensamentos plurais e antitéticos ao dominante, poderão ser conquistadas as mentes e os corações habilitados a criar uma nova civilização para superar as injustiças de um mundo onde minorias não eleitas decidem o destino de bilhões de seres humanos.


A ferramenta principal é a mídia. A livre difusão da internet – com a grave exceção da China –, apesar de limitada, permite uma informação de baixo para cima que tem aberto brechas importantes no monólito do pensamento único. Os jornais independentes sempre foram minoria e, na chamada grande imprensa, as vozes autônomas são escassas, relegadas aos espaços de debates: espécie de reserva indígena-intelectual, que visa demonstrar o pluralismo de um jornal, enquanto a informação transmitida em todas as outras páginas defende pura e simplesmente a ordem existente. Mundo afora, o cidadão é informado sobre a crise econômico-financeira de forma predominantemente mecanicista, tecnicista e distorcida. As causas principais das convulsões em curso são eludidas: in primis a desregulamentação insensata do sistema financeiro, origem de fraudes e falências."
Artigo Completo, ::AQUI::


Posted: 25 Aug 2012 09:16 AM PDT


Saul Leblon, Carta Maior

"O conservadorismo brasileiro vive um dilema meramente formal. Diferente do golpismo - com o qual não hesita em marchar quando a situação recomenda - prefere em geral meios institucionais para atingir os mesmos fins.

Às vezes, a coisa emperra,caso agora do julgamento do chamado 'mensalão', em que já se decidiu condenar; onde se patina é na escolha do lubrificante para deslizar a sentença no mundo das aparências.

A dificuldade remete a um detalhe: faltam provas cabais de que o crime não equivale ao disseminado caixa 2 de campanha, com todas as aberrações que a prática encerra, a saber: descarna partidos, esfarela programas, subverte a urna e aleija lideranças.

Reconhecê-lo, porém, tornaria implícita a precedência tucana com o valerioduto mineiro.

É no esforço de singularizar o que é idêntico que se unem os pelotões empenhados em convencer a opinião pública de que, no caso do PT, houve compra de voto com dinheiro público para aprovar projetos de interesse do governo Lula no Congresso.

O procurador Gurgel jogou a ísca: é da natureza desses esquemas não deixar rastros. A flexibilidade agradou. Colunistas compartilham abertamente o argumento da 'suspeição natural', inerente ao PT, logo, dispensável de provas.

Não se economiza paiol na fuzilaria."
Artigo Completo, ::AQUI::


Posted: 25 Aug 2012 08:57 AM PDT


Guilherme Jeronymo, Agência Brasil

"A perfuração de um poço a 85 quilômetros (km) de Aracaju (SE) confirmou a presença de petróleo e gás no bloco BM-SEAL-10, em região de águas ultraprofundas, informou ontem (24) a Petrobras.

A descoberta do reservatório, uma coluna de 300 metros de gás e petróleo, está a cerca de 5 mil metros da superfície, em região de profundidade de 2.775 metros.

A estatal opera outros dois poços na área, em um raio de 60 km, onde havia sido encontrado gás e petróleo. Não foi divulgada a data em que a empresa apresentará detalhadamente suas descobertas à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)."





Posted: 25 Aug 2012 07:50 AM PDT


"A depressão os leva a desertar das fileiras, de forma absoluta, ao estourar a cabeça ou o coração com suas próprias armas

Mauro Santayana, Brasil de Fato

Em julho passado, revelam fontes oficiais, 38 militares norte-americanos se mataram. Um aumento de mais de 100% sobre os casos de suicídio do mês anterior. Vinte e dois deles se encontravam em serviço. Os demais haviam voltado para casa, mas já não se sentiam em seus lares. Eram outros homens, desfeitos e refeitos pelo horror.

Provavelmente não se sentissem combatentes por sua pátria ou suas idéias, e, sim, meros mercenários, enviados para assassinar em nome de interesses que nada têm a ver com os de seu povo. Salvo nas duas guerras mundiais, quando justa era a luta contra os alemães e o nazismo, os soldados ianques lutam por Wall Street. O genocídio inútil de Hiroxima e Nagasáki, ao manchar com a desonra o combate pelos valores humanos, confirmou os exércitos dos EUA como bandos de pistoleiros do imperialismo.

Os Estados Unidos nunca tiveram que lutar em seu solo, a não ser na Guerra da Independência. Sempre invadiram o solo alheio, a partir da guerra contra o México, em 1846, quando anexaram mais de 40% do território do país vencido. A Guerra da Independência, bem antes, se travara contra homens iguais, da mesma etnia, da mesma fé, e poderíamos dizer, quase das mesmas idéias. O mesmo veio a ocorrer no conflito interno, o da Guerra da Secessão, apesar da crueldade dos combates e a bandeira ética do Norte contra a escravocracia do Sul."
Artigo Completo, ::AQUI::


Posted: 25 Aug 2012 06:43 AM PDT


Valéria Nader e Gabriel Brito / Correio da Cidadania

"Provavelmente um dos espetáculos mais inflados de nossa história midiática, o escândalo de corrupção que marcou o governo Lula, popularizado como mensalão, finalmente chega ao juízo final dos 38 réus. Supondo que todos os citados montantes que escoaram pelos dutos da corrupção sejam verdadeiros, uma avaliação mais autêntica impõe, no entanto, enxergá-los à luz de significativas e 'autorizadas' sangrias já sofridas pelos cofres e riquezas nacionais. Afinal, as privatizações iniciadas nos anos 90, agora rebatizadas de "concessões", e financiadas por dinheiro público, fizeram e continuam fazendo história no país.

A entrevista concedida pelo filósofo Paulo Arantes ao Correio da Cidadania situa os acontecimentos, e respectivo debate, avaliando-os a partir de ótica que vai em rota de colisão àquela com a qual a mídia comercial procura seduzir seus leitores. Arantes questiona aquilo que chama o "teatro do mensalão", algo que, em sua visão, simplesmente "não tem consequências nem para um lado, nem para outro". Em sua opinião, além de se tratar de uma encenação, com todos os votos já definidos de antemão, a peça acusatória produzida pela Procuradoria Geral da República e Ministério Público é, "talvez deliberadamente", inepta, prenunciando que o final não será tão "histórico" ou "redentor" quanto anseiam os grandes veículos de comunicação.

"É claro que, se forem condenados, a direita vai comemorar. Mas vai comemorar sobre o vazio, porque não tira meio ponto de ibope da Dilma e nem influencia nas eleições municipais. Ponto. Se forem absolvidos, o que a esquerda vai comemorar? Nada. O estrago ético, político e moral no PT já foi feito. E mais, já foi resolvido. Tanto que o Lula se reelegeu e elegeu a Dilma", resumiu.

Prejuízo político já absorvido e superado, fato é que, a despeito da perseverança do ódio que a mídia conservadora dispensa a suas figuras centrais, o PT segue tranquilo seu curso. "Portanto, o mensalão é apenas pra advogado ganhar dinheiro, a mídia vender jornal e ganhar audiência. Acabou. Talvez apareça uma bala perdida, um escândalo a mais, mas ainda assim o Brasil é invulnerável a escândalos. Aqui nada abala", ironiza, completando que, a despeito de toda a gritaria indignada, mais adiante veremos todos afirmando "a consolidação e aprofundamento das instituições – embora não funcionem. Então, tá bom".
 
Correio da Cidadania: Depois de tantos anos, o STF está julgando o chamado mensalão. O que significa para você esta palavra, ou o episódio da República ao qual ela se refere? Em outras palavras, o que este episódio diz de nossa República?

Paulo Arantes: Eu tenho um ponto de vista estritamente pessoal sobre o que significa o mensalão. O terremoto que tal episódio provocou em seu tempo, de julho de 2005 até a cassação do ministro da Casa Civil, já teve seus efeitos produzidos – e naquele momento. Sete anos depois, pra mim, nada significa do ponto de vista político. O impacto restringe-se ao jogo político convencional, sobre quem perde ou quem ganha com o processo a essa hora, na repercussão na mídia, com pequena interferência em eleições municipais e cargos políticos, coisas triviais. Sete anos depois, a emoção é zero.
Comecei acompanhando o julgamento pelos jornais nos primeiros dias e assisti às duas primeiras sessões, pra ver, digamos, o circo jurídico-político. Um teatro de baixíssima categoria. E me desinteressei. Serve apenas pra se divertir, ver as asneiras que dizem, a linguagem e o juridiquês, a prosa parnasiana, a estupidez de advogados e juízes, egos inflados... Os advogados dos 38 réus devem estar levando milhões por isso. São os escritórios de advocacia mais caros do país.

É um circo. Politicamente, o julgamento é nulo. O estrago no imaginário político brasileiro já foi causado, há sete anos, é irreversível, e o PT que saiu daquele estrago é outro. De modo que todo mundo está cortando nuvens com tesoura, ou seja, não existe mais nada.

Do ponto de vista que poderia interessar à sociologia política do Brasil, seria bom investigar a engrenagem desse sistema de financiamento de estruturas de poder político. Só que ninguém sabe disso, nem nunca vai saber. É o segundo ponto do teatro do mensalão.

Acompanhando pelos jornalões – a mídia alternativa esperneia contra ou a favor, e não adianta nada –, depoimentos daqui, declarações acolá, percebe-se que há um sutil jogo de esconde, no qual ninguém quer falar. Se sabe não fala ou, de fato, não sabem nada do que estão falando a respeito do que foi o mensalão.

Não acho que vamos saber, ninguém vai contar o que era exatamente o esquema, nem daqui a 50 anos. Não se saberá como funcionava a engrenagem, qual era o objetivo. A mim não convence, nunca convenceu, que era pra comprar votos em decisões parlamentares. Não se compra voto com dinheiro no Brasil. Deputados sempre foram comprados com cargos, que significam poder, influência, dinheiro, negócios...  Além do mais, não se compra deputado por causa de votações mensais ou quinzenais, isso é absolutamente ridículo. Votar a favor entra no pacote depois, é óbvio.

O máximo de aproximação que vi no processo é que se tratava de um esquema de poder, de compra de influência, de modo que o PT permanecesse 30 anos no poder público e, portanto, fosse uma peça política fundamental no jogo oligárquico do próximo meio século de política brasileira. Imagino que seja este o projeto do PT. Análogo ao de Collor.

O Collor foi longe demais, por isso foi apeado do poder, e não por causa de protesto na rua. Enganamos-nos redondamente em acreditar nesta versão. Foi a direita que o derrotou. Tanto que, posteriormente, foi absolvido. Cumpriu a missão dele que era barrar a vitória do Lula em 89. Depois, começou a ter ambições demais, como, por exemplo, montar uma emissora de TV pra concorrer com a Globo, reciclar dinheiro em paraísos fiscais, enfim, montar seu próprio centro de poder econômico e autônomo. Embora de família oligárquica tradicional nordestina, era um aventureiro, um playboy. Como todo playboy, um irresponsável. O que, no clube, é inadmissível. Por isso que o Lula foi admitido no clube privê de quem manda aqui. Embora de origem modesta, mostrou-se um rapaz responsável. É o que conta. Como também FHC foi admitido no clube, apesar de seu passado esquerdista. Responsável, hoje, é aquele que se tornou uma pessoa de direita. Por convicção, não por oportunismo.

De modo que o mensalão e nada, pra mim, são a mesma coisa. Claro que, daqui a 20, 30 dias, com o resultado do julgamento, teremos um rebuliço, duas ou três edições especiais do Jornal Nacional, talvez uma mínima influência nos sismógrafos das eleições municipais... E ponto! Porque as pessoas que serão julgadas já estão mortas politicamente. Nenhuma absolvição vai ressuscitar o Dirceu politicamente no Brasil. Mas ele não desapareceu, continua fazendo política nos bastidores. E negócios, não à toa é consultor do senhor Carlos Slim, bilionário mexicano.


Mas a aspiração presidencial de Dirceu acabou. E a Dilma mudou. Aqui há um fato novo. Eu imaginei que a Dilma fosse apenas sombra. Não está sendo. E periga de, daqui a quatro anos, sendo reeleita por esforço próprio, dispensar o tutor. Ele vai pro céu, já é santo, será beatificado, mas sem interferência política."
Entrevista Completa, ::AQUI::


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Francisco Almeida / (91)81003406

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