quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Búfalo marajoara chama atenção do mercado mundial

*
Do Diário do Pará

"Amazonpec encerra com leilão de búfalos

A criação de búfalos no Pará, principalmente na ilha do Marajó, chama atenção no mercado mundial. Além de um sistema produtivo extensivo, o Estado é conhecido pela produção de animais cuja carne possui qualidade diferencial. Prova de que o mercado está de olho no rebanho é o convite feito por uma delegação de bubalinocultores argentinos, que veio especialmente de Buenos Aires para participar das discussões sobre a atividade e convidar os produtores paraenses para o Encontro Mundial de Criadores de Búfalos, a ser realizado na capital argentina, em abril de 2010. A delegação apresentou um vídeo sobre o país e deixou claro o desejo de receber os bubalinocultores do Pará no encontro.

O Pará é considerado um dos principais representantes na criação de búfalo. O rebanho de bubalinos do Brasil é composto por cerca de três milhões de animais, sendo que cerca de 50% desse rebanho está presente na região Norte do país, em sua maioria na Ilha do Marajó, com aproximadamente um milhão e meio de cabeças.

Na manhã desta quinta-feira, técnicos e produtores participaram de uma mesa-redonda para discutir estratégias de promoção do produto no mercado mundial. De acordo com a engenheira agrônoma da Embrapa Natália Barbosa, que será a representante dos bubalinocultores paraenses no congresso, esse trabalho de divulgação deve levar em consideração os benefícios do búfalo para a saúde. “Tanto o leite quanto a carne do búfalo possuem mais substâncias anticancerígenas (fator ômega) que os mesmos produtos derivados do boi, além de diminuir o colesterol e conter mais proteínas”, destaca.

Ainda de acordo com a engenheira agrônoma, outro ponto que deve ser trabalhado é a imagem do animal, que é quase sempre associada à selvageria, quando na verdade, o búfalo já foi apontado como um dos animais domésticos mais dóceis que existem hoje no mundo, segundo pesquisas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). “Em 2009, nós já demos um passo importante nesse sentido: houve uma divulgação grande da bubalinocultura nas novelas da Globo. Nós chegamos a pedir para a autora da novela ‘Caminho das Índias’ que essa divulgação fosse feita porque sabíamos que isso ajudaria a popularizar o animal e que a Índia possui o maior rebanho bubalino do mundo. A autora acabou abrindo as portas para que esse trabalho fosse feito na novela das seis, que é de tema rural. Já apareceram cenas que informam sobre as vantagens do leite, do queijo outros produtos derivados do búfalo”, conta a engenheira agrônoma.

Pelo caráter dócil, a Associação dos Criadores de Búfalos propõe que o animal seja criado por pequenos produtores e que sejam elaboradas políticas públicas de incentivo à inserção do búfalo em programas de produção familiar. “Como ele é um grande produtor de leite, a sua criação pode gerar emprego e renda para muitas famílias. Acreditamos que um criador, com um plantel de 20 fêmeas e um macho, consiga ter um rendimento de dois salários por mês, só com a venda do leite”, afirma Roberto Ferreira, presidente da entidade.

Para o criador de búfalos João Gaspar, do Rio Grande do Sul, a organização do encontro foi eficiente e corajosa ao propor uma dinâmica de discussão em que produtores e técnicos ficam frente à frente. “Diferente do que acontece tradicionalmente em encontros e congressos, esse evento acertou em cheio ao colocar criadores e técnicos na mesma mesa para interagir com a platéia. Isso só tende a ajudar e tornar mais dinâmica a discussão dos erros e acertos na produção de carne e leite”, pontua João.

Como parte da programação, alunos e pesquisadores do curso de Tecnologia Agroindustrial com habilitação em alimentos, da Universidade do Estado do Pará (Uepa) fizeram uma análise da qualidade do leite bubalino. Para isso, foi instalado exclusivamente para o evento, um laboratório no Parque de Exposição do entroncamento, para a realização da coleta do produto e análise do material.

Para o professor do curso de Tecnologia Agroindustrial da Uepa, Marcos Eger, o encontro nacional de bubalinocultores, que ocorre dentro do Amazonpec, é importante para inserir o conhecimento científico desenvolvido pela instituição. "O encontro proporcionou à universidade estar inserida na construção do projeto para a criação de um laboratório setorial de leite de búfala. Além disso, é uma grande oportunidade de mostrar à sociedade o que estamos desenvolvendo no setor produtivo agropecuário", explicou.

No último dia do encontro de bubalinocultores, domingo, 27, será feita uma visita a uma fazenda de criação de búfalos, no município de Vigia.

ENCERRAMENTO - O encerramento do Amazonpec será marcado por um Leilão de Animais, ao que deve envolver cerca de 200 animais no Parque de Exposições do Entroncamento, onde ocorre a 43ª Feira Agropecuária do Pará – Expopará. No local, já estão expostos mais de 500 animais, além de produtos e inovações de mercado voltados para o setor do agronegócio. O leilão “Diamante Negro” será realizado neste sábado, 26, ao meio dia."

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Governadora lança em Portel a primeira etapa do Linhão do Marajó





Da Redação
Agência Pará
Rodolfo Oliveira/Ag Pa Clique na imagem para ampliar Ampliar imagem

Ana Júlia Carepa descerrou a placa do marco zero do Linhão do Marajó, uma obra que vai melhorar a vida de quase 400 mil pessoas

O prefeito Pedro Barbosa disse estar testemunhando em Portel uma nova maneira de governar o Pará

A governadora Ana Júlia Carepa lançou a primeira etapa da construção do Linhão do Marajó na tarde desta sexta-feira (25), quando descerrou a placa do marco zero das obras, no município de Portel. O investimento de quase R$ 500 milhões promete gerar desenvolvimento socioeconômico com preservação ambiental no Marajó, mudando a realidade dos cerca de 392 mil habitantes do arquipélago, por meio da redução dos custos elevados da geração de energia elétrica a óleo diesel, e da diminuição dos impactos ambientais deste sistema.

Uma resposta aos anseios de décadas dos moradores do Marajó, as obras resultam de investimentos federais, via Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) e Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), com execução da empresa Rede Celpa. Lideranças comunitárias, população, parlamentares e demais autoridades participaram do lançamento da primeira etapa, prevista para ser concluída em um ano.

Walter Cardeal, diretor da Eletrobras, destacou que já foram liberados R$ 1,5 bilhão para o Pará, investidos no Programa Luz para Todos, em parceria com o governo estadual, responsável pela iluminação de 230 mil residências só no Marajó. As autoridades também reconheceram o empenho da governadora ao reivindicar a obra à Presidência da República, fator decisivo para a construção do Linhão do Marajó. Uma iniciativa que se encaixa na política ambiental sustentável desenvolvida pelo governo do Estado, que Ana Júlia Carepa denomina de "economia verde".

Fato histórico - De acordo com Carmem Pereira, presidente da Celpa, a governadora tem sido incansável na defesa de um novo modelo de desenvolvimento para o Estado. "Somos testemunhas de um fato histórico, e estamos juntos para festejar a chegada de luz forte e de progresso. Aqui (em Portel) começa uma nova luta, uma nova maneira de governar", afirmou Pedro Barbosa, prefeito de Portel.

Para Ademar Palocci, diretor responsável pela construção de obras da Eletronorte, interligar o Pará ao sistema elétrico do Brasil é integrar a população do Marajó ao resto do país. "Estamos fazendo do Brasil uma terra de todos, e trazer energia para o Pará, que é uma terra de direitos, é trazer os mesmos direitos dos outros Estados mais desenvolvidos", ressaltou.

"São políticas que o governo estadual está pensando para todos, tanto para o empresário, quando para o pequeno produtor", garantiu Airton Faleiro, líder do governo na Assembleia Legislativa. Segundo ele, o Linhão é resultado do plano participativo do governo estadual para o Marajó, desenvolvido em conjunto com o planejamento federal. Discutida pela população, a aprovação do Plano do Marajó resultou da negociação da governadora com a bancada federal, confirmou André Farias, secretário de Estado de Integração Regional.

Oportunidades - As empresas que serão atraídas com o novo sistema darão mais oportunidades à população de Portel, explicou a governadora. O Linhão incrementará a geração de emprego e renda e ajudará a reduzir a emissão de CO2 na atmosfera. A queima de óleo diesel do sistema atual ainda representa riscos com estocagem, transporte e manuseio.

"Ao invés de emitir gás, vamos ter energia elétrica limpa e nos creditar no mercado mundial de crédito de carbono. Com isso, ganharemos recursos para investir mais, porque vocês estarão contribuindo com a manutenção da floresta", frisou Ana Júlia Carepa, lembrando que também já pediu à Celpa para que empregue moradores de Portel nesta etapa. "Estamos reconstruindo o Pará, não apenas olhando para a capital", acentuou a governadora.

A governadora também lembrou que ações de cidadania, como os programas Bolsa Trabalho e o CredPará (de incentivo ao pequeno empreendedor), integram políticas que priorizam a população. Como exemplo, citou as obras em andamento da rodovia PA-154, que liga os municípios de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari, e de pavimentação da PA-368 (que liga Portel a Cametá, no Baixo Tocantins). Hoje, os acessos a Portel são por vias fluvial e aérea.

"Agradeço à governadora por ter ouvido nossos clamores e lutas, implementando o desenvolvimento agrícola na Região do Marajó, olhando sempre pelos movimentos sociais, pelo povo de todo o Pará", declarou Gracionice da Silva, presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras de Portel.

Ana Júlia Carepa também inaugurou cinco dos 10 km de asfalto participativo no município e a Unidade de Saúde da Zona Rural. Uma conversa com jovens atendidos pelo ProJovem Rural e a visita à Casa de Acolhimento Ágape da Cruz também fizeram parte da programação.

Ela entregou ainda licenças ambientais, 47 cartas de crédito do CredPará e visitou o Viveiro Agroflorestal de Portel (Unap), onde plantou ipê amarelo, uma das 68 essências florestais existentes no lugar. No viveiro estão plantadas mais 1,3 milhão mudas, uma contribuição ao programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia.

Redução - Serão desativadas cinco usinas termelétricas na primeira etapa das obras do Linhão, uma redução de cerca de 238 milhões de litros de óleo diesel nos próximos 10 anos, o equivalente a R$ 476 milhões, volume similar ao investimento da segunda etapa, quando serão desativadas mais 10 usinas.

Na primeira fase serão implantados 260 km de linhas de alta tensão e 335 km de linhas de transmissão, além da construção de seis novas estações. Para a segunda etapa serão 650 km de linhas de alta tensão e 10 novas estações. A primeira fase abrangerá os municípios de Portel, Breves, Melgaço, Bagre e Curralinho. Gurupá receberá energia do município de Vitória do Xingu. Os outros municípios marajoaras serão beneficiados com a segunda etapa.

A expectativa é de melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no arquipélago, um dos mais baixos do país, e o restabelecimento das tarifas de energia elétrica. Os municípios também poderão ser atendidos por cabos de fibra óptica e serviços de telefonia fixa e móvel de mais qualidade.

"Vai melhorar muito, porque a gente passava dificuldades com a falta de energia e a conta é muito alta. Peço a Deus que também isso gere emprego", disse a dona de casa Ezanilde Pantoja, que com o marido desempregado muitas vezes só conta com o recurso do Bolsa Escola para sobreviver.

Luciane Fiuza - Secom