sábado, 4 de junho de 2011

Brasil pode ser o 3º produtor de petróleo do mundo

Tijolaço – O Blog do Brizola Neto: "Brasil pode ser o 3º produtor de petróleo do mundo

Nem mesmo para a primeira página dos sites do Estadão, da Folha e de O Globo foi a matéria que está destacada na capa do site da Agência Reuters, de que a “Petrobras pode quase triplicar produção em 10 anos, com o “anúncio da empresa de que produzirá mais que qualquer outra companhia petroleira listada em bolsa no mundo, prevendo elevar a produção para 6 milhões de barris de óleo equivalente por dia em 2020, quase o triplo dos 2,2 milhões de barris que a estatal brasileira produz hoje.

A previsão revisada para 2020 representa um aumento de 10 por cento na comparação com a estimativa anterior, que era de 5,4 milhões de barris. Desse número, cerca de 1,13 milhão de barris por dia, ou 23 por cento, era formado por e gás natural, de acordo com o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa.

Segundo ele, a estimativa tem como base, principalmente, a adição de novos ativos em águas profundas e áreas de exploração próximas ao Rio de Janeiro e a São Paulo.

Com isso , o Brasil vai se equiparar aos Estados Unidos como terceiro maior produtor, após a Rússia e a Arábia Saudita. A Petrobras, com esse volume, hoje ultrapassaria a atual líder de produção, que é a ExxonMobil, com produção de 4,4 milhões de barris petróleo e gás por dia no ano passado.

Mas isso não é notícia, não é? O Brasil que cresce não vai para o Jornal Nacional. Não há sequer uma foto como esta, de hoje, quando Dilma Rousseff participou do batismo da P-56, uma plataforma gigante com 73% de nacionalixação de seus equipamentos.

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Cai a ficha da grande mídia

Observatório da Imprensa - Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito:
Cai a ficha da grande mídia

Por Venício A. de Lima em 03/06/2011 na edição 644


Raras vezes a realidade fala mais alto e revela ter mais poder do que alguns atores tradicionais da grande mídia brasileira.

Um artigo de Soraya Aggege, sob o título “O poder da maioria”, recentemente publicado na CartaCapital (n. 644, de 4/5/2011), fez um interessante resumo de informações que têm circulado há algum tempo sobre a impressionante ascensão que a classe C teve em nosso país, nos últimos anos. A revista se utiliza, sobretudo, de dados do instituto Data Popular, especializado em pesquisar esse segmento da população que, em 2014, será majoritário e concentrará 54% do eleitorado.

Nada de novo. Apenas algumas confirmações e, mais importante, algumas conseqüências.

“Deslocando” a formação da opinião

A matéria afirma que “no atual contexto, dizem os especialistas, o eixo da formação de opinião deslocou-se dos pais, ou de velhas lideranças locais, como padres e representantes comunitários, para os filhos”. E prossegue: “Os dados revelam que, nesse segmento, o que mais vale não é o que diz a televisão. Nada menos que 79% deles confiam mais nas recomendações dos parentes que na propaganda de tevê. Para se ter uma ideia, no Nordeste, onde se deu a maior expansão desse estrato social, 74% preferem se informar pelo boca a boca”.

Ao longo do texto alguns depoimentos colhidos de novos representantes da Classe C ratificam aquilo que as pesquisas revelam. Exemplo:

** “Aos 20 anos, [Vanessa Antonio] integra a porção jovem dos 31 milhões de brasileiros recém-instalados no meio da pirâmide social, com renda familiar mensal entre 1,5 mil e 5 mil reais. [Ela] e outros milhões de jovens das periferias começam a desempenhar o papel de principais formadores de opinião da chamada “nova classe média”. E mais: “Para os jovens como [Vanessa], três fatores aumentaram seu poder de opinião sobre a família e suas comunidades: emprego, estudos e o que eles chamam de “nova bomba do mundo”, a tecnologia. “Temos computadores e celulares. Nossas famílias agora têm mais acesso à informação. Agente vê as notícias, compara na internet e conta para eles.”

Esse extraordinário fenômeno de deslocamento do poder de construção da opinião pública de seus “formadores tradicionais” (pais, padres, professores e colunistas da velha mídia, dentre outros) para “líderes de opinião” das classes em ascensão social, com acesso direto e/ou indireto a fontes alternativas de informação, sobretudo à internet, já havia sido identificado faz tempo e deu mostras inequívocas de seu poder pelo menos desde as eleições de 2006 [cf. Venício A. de Lima, A Mídia nas Eleições de 2006, Perseu Abramo; 2007 e, neste Observatório , “A internet e os novos formadores de opinião”].

A grande mídia brasileira, no entanto, fazia de conta que não via o que estava acontecendo no país [ver, neste OI, “A velha mídia finge que o país não mudou”].

A entrevista de Florisbal

Por total coincidência, alguns dias depois da matéria da CartaCapital, sob o sugestivo título “Globo muda programação para atender a nova classe C”, o portal UOL divulga uma longa entrevista com Octavio Florisbal, diretor-geral da Globo. O que diz ele? Vale a pena ler a entrevista na sua totalidade, mas reproduzo abaixo alguns highlights:

Na introdução à entrevista Maurício Stycer escreve:

“A Rede Globo aprofundou um processo de modificações em sua programação para atender a uma nova clientela: a emergente classe C. As mudanças afetam as áreas de novelas, os programas de humor e o jornalismo. E objetivam deixar a programação mais popular. A nova classe C, na visão da emissora, quer se ver retratada nas telas.”

O diretor-geral da Globo afirma:

** “Em dramaturgia, se você voltar 20 anos, você tinha alguns estereótipos. A novela estava centrada nos Jardins, em São Paulo, ou na zona sul do Rio e tinha um núcleo, aquele núcleo alegre, de classe C, na periferia. Hoje, não. A gente começa a ver essas histórias trafegando mais na periferia.”

** “[A classe C] tem que estar mais bem representada e identificada na dramaturgia, no jornalismo. Antes, você fazia uma coisa mais geral. Hoje, não. A gente tem que ir, principalmente nos telejornais locais, ao encontro deles. Eles têm que ver a sua realidade retratada nos telejornais. (...) No jornalismo é a mesma coisa. (...) Tem a redação móvel, que vai nas periferias e faz de lá. Nos telejornais nacionais você também tem que cuidar bem para não colocar em excesso certos temas que não atendem tanto.”

Aaahhh... Então a classe C não estava sendo “retratada nas telas”, ausente no entretenimento e ausente no jornalismo? Uai... não era a exclusão de alguns setores da população da telinha – a ausência de pluralidade e diversidade na representação – exatamente o que críticos da mídia apontam há anos?

E continua o diretor-geral:

** “No passado, a classe C seguia muito os padrões das classes A e B. (...) Eram seguidores. (...) Houve uma mudança de comportamento e de valores para estas pessoas. Acabamos de fazer uma pesquisa muito interessante de classe C que mostra isso. (...) Aquela divisão de que 80% do público é das classes C, D e E continua, mas eles têm mais presença, mais opinião. Eles ascenderam. Têm um jeito próprio de ser. Você tem que atendê-los melhor.”

Aaahhh... quer dizer que a classe C não é mais seguidora, agora ela sabe o que quer. Talvez, quem sabe, tenha aprendido até mesmo a votar, não é mesmo?

Mudanças inevitáveis?

Ao que parece, alguns princípios consagrados na Constituição de 1988, esperando há mais de 22 anos para serem cumpridos, acabarão acontecendo por força das mudanças que ocorreram no país, independente até mesmo da regulamentação legal. Exemplo: a regionalização da produção cultural, artística e jornalística.

Da mesma forma, a sobrevivência no “mercado” talvez obrigue o jornalismo televisivo a operar mudanças não só aos níveis local e regional, mas também no nacional. Afinal, a classe C agora sabe o que quer, tem “mais presença, mais opinião” e é preciso atendê-la.

Há realmente momentos em que a realidade parece ser mais forte do que o status quo.

A ver.

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Força-tarefa vai atuar contra mortes no campo

Jornal Correio do Brasil:
Redação, com agências - de Brasília

As Forças Armadas e a Força Nacional vão atuar juntas para frear a violência no campo

O governo decidiu enviar as Forças Armadas e a Força Nacional para Amazonas, Rondônia e Pará para frear a violência no campo após ser divulgada mais uma morte na região nesta quinta-feira, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A presidente Dilma Rousseff determinou o início de uma operação nos Estados para investigar os assassinatos e evitar novas mortes. As forças trabalharão para evitar novas mortes e irão ajudar na apuração imediata dos assassinatos já ocorridos.

No Pará, está sob investigação a morte de um trabalhador rural em Eldorado dos Carajás. Esta pode ser a quinta morte nas últimas duas semanas envolvendo agricultores e ambientalistas na região.

A Polícia Civil do Pará descartou nesta sexta-feira a possibilidade de que conflitos agrários no Estado tenham motivado a morte do lavrador Marcos Gomes da Silva, 33 anos, assassinado na noite de quarta-feira na zona rural do município de Eldorado de Carajás, no sudeste paraense.

Já foram ouvidos os depoimentos de várias pessoas relacionadas à vítima, inclusive o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) do Estado do Pará, Dejesus Martins Araújo, que mora ao lado de onde vivia o lavrador.

A esposa de Silva também prestou depoimento. Tanto o presidente da Fetagri quanto à mulher disseram à polícia que o lavrador não integrava movimentos agrários nem sindicais.

A Polícia Civil encontrou no local do crime umaa espingarda calibre 44 que supostamente teria sido utilizada para o assassinato e foi encaminhada para a perícia técnica.

Outras três mortes foram confirmadas no Pará na semana passada e uma em Rondônia.

Cardozo e os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) visitarão os Estados na próxima semana para acompanhar a situação.

Outra frente de ação será discutir a “situação de impunidade nestes Estados. Segundo o governador de Rondônia, Dilma reconheceu que “do Mato Grosso para cima é o abrigo de uma fronteira agrícola nova, onde muita gente vem de fora para ir lá, justamente para impactar seus desejos de riqueza com a realidade da Amazônia”.

Na segunda-feira, o governo federal já havia liberado verba para o deslocamento e diária de fiscalizadores no Pará e no Amazonas e anunciou a intensificação do combate ao desmatamento ilegal como medidas para conter a violência na região.

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"Governo prevê 1,2 milhão de moradias para famílias que ganham até três salários mínimos

Blog do Planalto:

A segunda edição do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que prevê a construção de 2 milhões de moradias até 2014, será lançado nas próximas semanas, informou a presidenta Dilma Rousseff nesta sexta-feira (3/6), no Rio de Janeiro (RJ). O anúncio foi feito durante a cerimônia de assinatura do chamamento público para construção de unidades habitacionais e início de obras de contenção e recuperação de pontes nos sete municípios da região Serrana do Rio atingidos pelas chuvas de janeiro deste ano.

A presidenta disse que, do total de moradias, cerca de 1,2 milhão será destinado à população com renda mensal de até três salário mínimos, o que torna “o desafio ainda maior”. Segundo a presidenta, o Minha Casa Minha Vida 2 terá “várias alterações, inovações e melhorias” em relação à primeira edição do MCMV. Os detalhes, entretanto, serão conhecidos apenas quando o programa for oficialmente lançado.

“Eu saúdo os empresários brasileiros, que demonstraram ser capazes. Porque logo no início (…) eu fui consultar os empresários e eles me disseram que só conseguiriam fazer 200 mil. E hoje 200 mil para nós é um número que o setor da construção civil brasileira demonstrou que faz de uma forma extremamente tranquila, porque já contratamos 1 milhão. Duzentas mil é mais ou menos o que sairá por mês, ou de dois em dois meses”, disse.

Na ocasião, a presidenta Dilma Rousseff assinou um convênio com o governo do estado do Rio no valor de R$ 700 milhões, direcionados aos sete municípios da região Serrana que foram afetados por enchentes e deslizamentos no começo de janeiro deste ano: Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Areal, Sumidouro e Bom Jardim.

Durante a cerimônia, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, pediu licença à presidenta para informar que até meados de julho serão entregues mais de 800 moradias em Angra dos Reis (RJ), atendendo todos os desabrigados pelas chuvas que assolaram o município no início de 2011. “Os demais prefeitos da região Serrana estão convidados a se inspirarem e verem como o governo da presidenta Dilma trata o povo do Rio de Janeiro”, complementou Cabral.

Sistema de alerta – A presidenta Dilma Rousseff informou, ainda, que o governo federal trabalha em um ritmo acelerado para implantação da Central de Prevenção de Desastres. Destacou também os projetos de contenção de encostas, drenagem e reconstrução de pontes como benefícios indispensáveis à população das regiões atingidas pelas chuvas. No entanto, a presidenta alertou da necessidade de se retirar, urgentemente, as populações das áreas de risco e saudou a iniciativa do estado do Rio de Janeiro que, em parceria do governo federal, deu início ao processo de transferência de famílias para áreas seguras.

“Não podemos mais permitir que as pessoas fiquem nas áreas de risco. Porque se ficarem nas áreas de risco não há prevenção, não há contenção de encosta que segure o desastre”, alertou.

O sistema só será eficiente – continuou a presidenta – se houver um processo de cooperação eficaz entre União, estados e municípios. O estado do Rio de Janeiro é exemplo do pacto federativo, informou a presidenta, que convocou todos os prefeitos e governadores a juntos se engajarem na política de prevenção a desastres naturais.

“É muito importante que no Brasil se consolidem parcerias tão fortes quanto essa que existe entre o governo federal e o governo do estado. É uma pareceria de sangue já.”

Dilma Rousseff também fez questão de prestar sua homenagem aos moradores da região Serrana do Rio, que “diante da catástrofe não desistiram, tentando resgatar seus entes queridos”. “Eles se tornaram exemplos muito fortes para cada um de nós”, afirmou.
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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Anatel: famílias de baixa renda terão telefone com assinatura a R$ 13,90

BRASIL! BRASIL!:

Agência Brasil

“A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou nesta quinta-feira o Plano Geral de Metas de Universalização para a telefonia fixa (PGMU3) que inclui alterações no Acesso Individual Classe Especial, destinado à população de baixa renda. Com as mudanças, a assinatura básica mensal vai custar R$ 9,50 sem impostos e R$ 13,90 com impostos. A intenção, segundo a Anatel, é aumentar para 13 milhões o número de pessoas com acesso ao programa, oferecendo o benefício às famílias atendidas pelo Bolsa Família. O Aice, que existe desde 2005, tem atualmente 184 mil assinantes.

Ainda de acordo com o plano aprovado, até o fim de 2015, pelo menos 80% dos domicílios rurais devem ter acesso à telefonia fixa e todas as escolas públicas e postos de saúde rurais devem ter pelo menos um 'orelhão'. O PGMU prevê também que as concessionárias de telefonia fixa devem melhorar o sistema de gestão dos telefones públicos. Cada município deverá ter quatro 'orelhões' para cada grupo de mil habitantes.

Foram mantidas regras de planos anteriores, como a instalação de orelhões em locais com mais de 100 habitantes e em instituições de ensino, de segurança, de saúde, além de bibliotecas e museus. Pelo menos 2% dos orelhões devem ser adaptados para deficientes físicos e a chamada para serviços de emergência continua gratuita.”



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Maurício Thuswohl - Código Florestal: é hora de jogar duro

DEBATE ABERTO
Carta Maior - Maurício Thuswohl : "
Código Florestal: é hora de jogar duro
Cabe ao governo federal acabar com o clima de “já ganhou” que toma conta da rede criminosa de exploração ilegal de madeira na Amazônia e que só faz aumentar sua sensação de poder e impunidade. A rede Grupo de Trabalho Amazônico já registrou um aumento considerável dos pedidos de ajuda vindos de militantes que se sentem ameaçados.

Maurício Thuswohl

É até compreensível que o alto-escalão do governo federal insista em não admitir publicamente que o recrudescimento da onda de assassinatos de lideranças ambientais no Norte do país tenha ligação com as mudanças no Código Florestal aprovadas na Câmara dos Deputados. Talvez não caiba mesmo ao governo tirar esse tipo de conclusão, mas ele tem a obrigação de estar ciente de que seus próximos passos na condução política da reforma do Código, que se encontra agora no Senado, serão determinantes para o derramamento ou não de mais sangue inocente no solo amazônico.

Até as impávidas castanheiras e samaúmas da floresta já sabem que a sinalização de “liberou geral” dada pelo rolo-compressor ruralista na Câmara à sua “base” desde o começo do ano já tem duas conseqüências práticas. A primeira delas é a que permitiu nos meses de março e abril o impressionante aumento de 473% no desmatamento em Mato Grosso na comparação com os mesmos meses do ano passado. A segunda é o claro aumento do tom e da quantidade de ameaças que lideranças ambientalistas da Amazônia vêm recebendo, sobretudo nos locais mais afastados dentro da mata.

O secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso, em relatório já submetido ao governo federal, confirma que a expectativa de alteração do Código Florestal mudou o comportamento de parte dos proprietários rurais do estado, que, segundo ele, passaram a apostar na anistia das áreas desmatadas: “Não há como negar a forte vinculação entre o desmatamento e os processos de discussão da legislação ambiental”, diz o documento. Quanto à nova onda de assassinatos, ainda não existem estudos ou relatórios, mas a rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), que congrega mais de 600 organizações socioambientalistas, já registrou um aumento considerável dos pedidos de ajuda vindos de militantes que se sentem ameaçados.

Diante desse quadro, cabe ao governo federal acabar com o clima de “já ganhou” que toma conta da rede criminosa de exploração ilegal de madeira na Amazônia brasileira e que só faz aumentar sua sensação de poder e impunidade. São louváveis, ainda que insuficientes, as medidas anunciadas para o aumento da fiscalização contra o desmatamento e a reedição da Operação Arco de Fogo pelo Ibama e pela Polícia Federal. Também é louvável e insuficiente o esforço da Secretaria de Direitos Humanos para tentar proteger o que permanecerá “improtegível” enquanto a mão armada dos grileiros de terra continuar a ocupar o espaço deixado pelo poder público e a ditar a vida e a morte de homens, bichos e árvores na Amazônia.

Mas, nem uma coisa nem outra será tão efetiva quanto uma sinalização clara do governo - dada pela presidente Dilma Rousseff, se possível - de que o Brasil vai aprofundar o combate ao crime ambiental iniciado no governo Lula e que fez o país aumentar consideravelmente sua reputação no cenário das discussões internacionais sobre meio ambiente. Essa sinalização passa pela manutenção da decisão presidencial de vetar os pontos mais sórdidos do relatório aprovado na Câmara, assim como a emenda 164, que permite a permanência de atividades de pecuária e lavoura consolidadas até julho de 2008 em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e, na prática, significa a anistia para os desmatadores.

Essa sinalização passa, sobretudo, por um acompanhamento das discussões sobre o Código Florestal no Senado muito mais qualificada do que a realizada na Câmara. A confirmação do nome do senador Jorge Vianna (PT-AC) para a relatoria da matéria na Comissão de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor foi um bom começo e servirá de importante contraponto ao domínio dos ruralistas na Comissão de Agricultura, onde a relatoria deverá ficar a cargo do senador Luiz Henrique Silveira (PMDB-SC).

Quando governadores, Vianna foi (ou, pelo menos, tentou ser) um amigo da floresta no Acre e Luiz Henrique o responsável pelo fim da proteção às matas ciliares em Santa Catarina, estado que devora o que resta de sua Mata Atlântica com voracidade assustadora. Será briga de cachorro grande, por isso é fundamental que o time da articulação política do governo Dilma entre em campo imediatamente no Senado para garantir para os governistas a relatoria na Comissão de Constituição e Justiça, terceira e decisiva comissão a examinar a matéria antes que ela vá a plenário.

Ao que tudo indica, a presidente Dilma se esforçará para evitar o desgaste do veto. Para tanto, o governo deverá se empenhar para que o Senado derrube os pontos do relatório que caracterizam anistia aos desmatadores e que passam aos estados a prerrogativa de determinar as atividades agropecuárias que podem ser realizadas em APPs. Será preciso também garantir a manutenção da obrigação e dos atuais limites para a Reserva Legal em cada propriedade e a proteção das margens de rios, topos de morro e encostas.

Tudo isso pode ser feito sem prejudicar quem produz e ainda constitui uma oportunidade de fortalecer a agricultura familiar no Brasil. Nas regiões onde as culturas tradicionais já ocupam essas faixas há muito tempo como, por exemplo, no Sul do país - o governo pode determinar e autorizar exceções à lei. Essa harmonia pode ser conseguida no texto que vai sair do Senado, mas, além do trabalho dos ministros da área política, a atuação dos ministros Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) junto ao Congresso também deverá mudar de patamar em relação ao que foi feito até aqui para que o governo obtenha sucesso nessa empreitada.

O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou a jornalistas que Dilma “ficou incomodada” com o resultado da votação sobre o Código Florestal, e acrescentou que a presidente afirmou que “não vai jogar a toalha” nessa batalha política e que irá recorrer à Justiça se necessário for. Esperamos que a firmeza presidencial se mantenha, pois não é pouco o que está em jogo. Politicamente, a reforma do Código, se for ruim como o esboço desenhado na Câmara, significará um retrocesso que pode macular definitivamente o atual governo.

Moralmente, deixar que a sensação de “liberou geral” fortaleça as mãos criminosas que carregam motosserras e armas de fogo na Amazônia significará tripudiar sobre o sacrifício da fauna e da flora destruídas pelos correntões e pisar no sangue martirizado de José Cláudio Ribeiro da Silva, Maria do Espírito Santo da Silva e Adelino Ramos, entre tantos e tantos outros militantes ambientalistas assassinados a quem aqui rendo minha homenagem.

Maurício Thuswohl é jornalista.


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'Grito' de Dilma contra a miséria terá R$ 80 bilhões até 2014

Carta Maior :
"'Grito' de Dilma contra a miséria terá R$ 80 bilhões até 2014
Presidenta Dilma Rousseff lança programa em que o Estado assume a responsabilidade de achar e tirar 16 milhões de brasileiros da pobreza extrema. Em discurso, diz que 'grande mérito do plano' é 'gritar' que 'miséria ainda existe no Brasil' e 'trazer' para a 'pauta de todos os governos' o desafio de enfrentá-la. 'Não aceito o fatalismo de que sempre haverá pobres'.

André Barrocal

BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff lançou nesta quinta-feira (02/06) o carro-chefe de sua administração, planejado desde a campanha eleitoral de 2010, o programa Brasil Sem Miséria, de erradicação da pobreza extrema. Ao anunciar a intenção de melhorar a vida de 16,2 milhões de pessoas que sobrevivem com no máximo R$ 70 mensais, Dilma tenta deflagrar uma espécie de “mutirão” nacional, em que bota o tema do combate à miséria no topo da agenda brasileira e busca envolver governadores, prefeitos e sociedade civil em sua realização, que contará com ao menos R$ 80 bilhões até 2014.

“O plano tem o efeito de gritar, o de afirmar para todos nós, que a miséria ainda existe no Brasil. Esse talvez seja o grande mérito do plano”, disse Dilma ao anunciá-lo. “É trazer para a pauta de todos os governos o objetivo, o compromisso, a determinação, em lutar a cada dia para que o Brasil não tenha mais miséria. Dela não podemos esquecer um só minuto enquanto governarmos.”

O programa foi montado em cima de um tripé. O governo fará transferência direta de renda (Bolsa Família) para que as pessoas sobrevivam. Levará mais infra-estrutura para elas (luz, água, esgoto, escola, saúde). E tentará ajudá-las (com capacitação profissional, por exemplo) a se sustentarem por conta própria.

Esse conjunto de ações – algumas novas, outras já existentes - receberá, segundo a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, cerca de R$ 20 bilhões por ano entre 2011 e 2014. Embora parte do dinheiro refira-se a ações já em curso, o lançamento do plano garante que haverá continuidade delas durante o mandato de Dilma. Mas o valor total envovlido no plano será superior a R$ 80 bilhões, porque falta somar aquilo que estados, prefeituas e empresários vão investir em parceria com o governo federal.

Por trás da lógica tripartite do programa, está a convicção do governo de que o Estado tem a obrigação de ir atrás dos seus habitantes mais necessitados, para lhes dar uma vida mais digna. É o que o governo está chamando de “busca ativa”. “A partir de agora, não é mais a população mais pobre que terá de correr atrás do Estado, mas o contrário”, disse Tereza Campello, em discurso. “A luta contra a miséria é, sim, dever do Estado. É, antes de tudo, um dever do Estado” afirmou a presidenta.

Dilma disse que foram precisos mais de quatro séculos para que o combate à miséria virasse política de governo, fez referências às realizações sociais do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e condenou a marginalização dos mais pobres até mesmo em teses acadêmicas. “Os nossos pobres já foram acusados de tudo, inclusive de serem responsáveis pela própria pobreza.”

A presidenta citou movimentos e autores que contestaram idéias que, ao longo da história, atribuíram a pobreza a “sol, miscigenação, clima tropical e escravidão”, poupando, com isso, políticas públicas adotadas conscientemente por governos passados. Falou de abolicionistas do século XIX, movimentos sociais e sindicais do fim do século XX, pintores e escritores modernistas, pensadores sociais década de 30 e políticos reformadores do século 20.

Com nome e sobrenome, Dilma fez questão de citar personalidades que “reduziram a cinzas, a pó, as teorias fatalistas sobre a pobreza no Brasil” e cujas vozes estariam ecoadas no plano que ela lançava. Listou Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre, Manoel Bonfim, Sérgio Buarque de Holanda, Josué de Castro, Anisio Teixeira, Caio Prado Junior, Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro, Betinho e o ex-presidente Lula. Foi o momento mais aplaudido do discurso.

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