sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Analfabetismo no Pará caiu 2,5%

Do Vermelho

A taxa de analfabetismo no Estado do Pará teve uma redução de 2,5%, entre 2004 e 2009, segundo estudo divulgado na quinta-feira (09) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009.

No Brasil, o número absoluto de analfabetos com 15 anos ou mais caiu 7%, no mesmo período. No Norte, o número de analfabetos diminuiu 5,1%, mas a taxa de analfabetismo reduziu em 17%, ou seja, acima da média brasileira.

O Pará ficou em 5º lugar, com redução de 2,5%, passando de 14,3% para 12,2% em 2009, acima da média nacional. O destaque no País ficou com o Amapá, cuja taxa reduziu 66%.Todas as regiões acompanharam a tendência de queda do país. A queda representa, aproximadamente, 1 milhão de analfabetos a menos no Brasil, entre 15 anos ou mais, que ainda tem 14.104.984 de pessoas nessa situação. Em termos relativos, a taxa de analfabetismo caiu cerca de 1,8% ponto percentual (p.p.), passando de 11,5% para 9,7%, considerada a média nacional.

No período analisado, as regiões Norte e Nordeste registraram as maiores quedas na taxa de analfabetismo nessa faixa etária, mas o estudo considera que “esse melhor desempenho foi insuficiente para reduzir significativamente as desigualdades interregionais, assim como se verifica em relação aos demais indicadores educacionais”. No Norte o número de analfabetos diminuiu 5,1%, mas a taxa de analfabetismo reduziu em 17%, ou seja, acima da média brasileira. O Pará ficou em 5º lugar, com 2,5%, passando de 14,3% para 12,2% em 2009, acima da média nacional.

O destaque no País está na região Norte: o Amapá, cuja taxa reduziu em 66%. Com isso, a taxa de analfabetismo neste estado passou a ser a mais baixa do Brasil: 2,8%. Ainda no norte, Roraima ficou com 22,8%; Tocantins com 13,7%; Amazonas com 4,6%; No acre houve aumento 5,4% no número de analfabetos; o mesmo aconteceu com Rondônia, com 1,4%. Outros Estados brasileiros que tiveram crescimento no número de analfabetos foram Mato do Grosso do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina.

No Nordeste o total de analfabetos caiu 8%, enquanto reduziu-se em 16,6% a taxa de analfabetismo. Todos os estados da região tiveram redução em termos absolutos e relativos. No Rio Grande do Norte, a proporção de analfabetos foi reduzida em 18,6% e na Bahia o número absoluto caiu 10%. Em ambos os casos, os índices são superiores à média nacional. Desse modo, o analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais no Nordeste é cerca de 3,4 vezes maior que no Sul.

No sudeste, a redução na quantidade de analfabetos foi de 6,6% no período. Com exceção do Rio de Janeiro, onde a queda foi de 12,3%, todos os demais estados tiveram índices de redução do analfabetismo abaixo da média nacional.

O estudo do Ipea mostra também que o nível de analfabetismo entre pretos/pardos e brancos ainda apresenta desigualdades. Entre analfabetos brancos, a variação foi de 7,2% em 2004 para 5,9% em 2009. Enquanto a taxa registrada por pretos e pardos caiu de 16,3% para 13,4% no período.

Em relação ao analfabetismo funcional, verifica-se que as maiores quedas ocorreram nas regiões Norte e Nordeste. O Norte continua a ser a região com maior taxa, passando de 16,1% para 12,6% e o Sudeste a que registrou 9,6%, menor índice. Em termos absolutos, houve redução de cerca de 1,5 milhão de analfabetos funcionais.A redução, portanto, foi maior que a de analfabetos convencionais, inclusive em termos relativos.

Na população idosa, com 65 anos ou mais, também houve redução no número de analfabetos nos últimos cinco anos. O percentual passou de 38,4% em 2004 para 30,8% em 2009. Apesar disso, das faixas etárias analisadas pelo estudo do Ipea, essa ainda é a com maiores índices de analfabetismo no Brasil.

Fonte: Jornal O Liberal

Brasil atualiza o racismo por não discutir “branquitude”

O texto foi copiado do  Donna DC



Glenda Almeida
 

Nos debates sobre raças e racismo pouco se fala sobre “branquitude”. E foi a partir desta constatação que a pedagoga e professora de educação infantil, Luciana Alves, demonstrou que ações afirmativas, como a lei sobre ensino da cultura africana, só fazem sentido se forem realizadas em ambiente de reflexão e reconstrução sobre o “ser branco”.
O tema “miscigenação” é muito falado no Brasil, mas o que se esconde por trás desse discurso é uma cultura que atualiza o racismo. A escola se apresenta como instituição discriminatória, onde o assunto “branquitude” é pouquíssimo discutido nos debates sobre raça. Essa situação colabora para que o branco se sinta superior e em posição de neutralidade a respeito do tema, fazendo perpetuar a “positividade da brancura” e os estereótipos negativados do “ser negro”.
Para realizar seu estudo Significados de ser branco – a brancura no corpo e para além dele, Luciana entrevistou 10 professores de ensino básico, sendo 4 autodeclarados brancos e 6 negros, a fim de saber o que pensavam sobre “o que é ser branco no Brasil”. O estudo foi apresentado na Faculdade de Educação (FE) da USP. A pesquisadora conta que os professores foram selecionados para o trabalho quando participavam de um curso sobre a Lei 10639/2003, que obriga o ensino de cultura e história africana e afro-brasileira nas escolas.
Metade branca
No Brasil, cerca de 50% da população se autodeclara branca, denunciando que no País onde existe um discurso sobre a mistura de raças ainda há motivos que levam as pessoas a se declararem brancas, mesmo sendo provenientes de família mestiça. De acordo com Luciana, esses motivos estão relacionados aos “significados de ser branco, para além da cor da pele”. Esses significados são um conjunto de características atribuídas culturalmente às pessoas que se reconhecem e são reconhecidas em suas comunidades como brancos.
“Ser branco é não ser negro”, disse um dos entrevistados. Tal resposta evidencia que o significado de ser negro geralmente já é construído como o contrário de ser branco. Por causa dessa mentalidade, é muito comum perceber no dia-a-dia situações em que “ser negro” é relacionado a características negativas. Em contra partida, o que é associado à brancura são valores positivos, socialmente estimados. A inteligência, a castidade, a beleza, a riqueza, a erudição e a limpeza, por exemplo, seriam características de um “negro de alma branca”, expressão utilizada por um dos professores entrevistados.
Nas entrevistas, o que ficou claro nas falas dos negros, além da tal positividade da brancura, foi a sensação de medo, insegurança, opressão e desconfiança. Isso confirma a imagem do branco como potencialmente opressor para os negros, construída e atualizada ao decorrer da história.
As respostas dos professores brancos sobre “ser negro” geralmente recorriam aos estereótipos muito bem fixados no imaginário popular. Quando falavam de suas infâncias, lembrando momentos em que presenciaram situações de discriminação, evidenciavam que desde aquela época esses estereótipos, criticados por eles atualmente, já estavam sendo construídos.
Essa construção coloca a “brancura” como padrão, como norma, e é essa padronização a principal responsável pela atualização do racismo no Brasil, segundo a pesquisa. “As memórias dos professores revelam a neutralidade de sua pertença racial, indicando que ser branco é não ter que refletir sobre esse dado”, constata a pesquisadora.
Nas escolasO racismo ainda existe e permeia o cotidiano do brasileiro e, nas escolas, não é diferente. Segundo Luciana, a melhor forma de não atualizar a discriminação nas salas de aula é colocar o tema “branquitude” em pauta. “É preciso entender que os brancos também formam um grupo racial que defende seus interesses, e acabam se beneficiando, direta ou indiretamente com o racismo”, diz a pesquisadora. Ela acredita que deve haver no ambiente escolar oportunidades de se discutir e questionar a adesão à ideia de superioridade da brancura.
— É aí que entra a formação adequada dos professores, como aposta para que a idealização branca deixe de ser objeto de desejo para negros e brancos, pois ela pressupõe hierarquia — descreve a pesquisadora. Nas salas de aula, a brancura ainda é construída como referência de humanidade, onde “o branco é sempre o melhor exemplo”.

AGÊNCIA USP

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

De 2005 a 2010, 748.788 alunos oriundos de escolas públicas tiveram acesso ao ProUni

Do Blog ALÉM DE ECONOMIA

Ensino superior tem 5,9 milhões de alunos

De acordo com o Censo da Educação Superior, realizada pelo Ministério da Educação (MEC), as matrículas no ensino superior cresceram pouco mais de 3% entre 2008 e 2009, confirmando a tendência de estabilidade verificada nos últimos anos.
Dos 5,95 milhões de alunos das instituições de ensino superior, 4,43 milhões estão na rede privada e 1,52 milhões nas públicas. Os números incluem estudantes de cursos presenciais e a distância.
Os dados mostram que houve uma pequena queda no número de alunos da rede pública, cerca de 30 mil a menos. Em 2008 1,55 milhões estavam matriculados. A redução se deu nas universidades municipais e estaduais, já que na rede federal houve um acréscimo de 141 mil novos estudantes no período de um ano, em cursos presenciais e a distância.
Um balanço das ações divulgado pelo MEC mostra que houve um acréscimo de quase 60% no número de vagas oferecidas nas universidades federais entre 2003 e 2009. Esse crescimento ocorreu em função do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), lançado em 2007. A previsão do MEC é que em 2012 o total de vagas oferecidas por essas instituições chegue a 234 mil.
O estudo realizado pelo ministério ressalta ainda que de 2005 a 2010, 748.788 ex-alunos de escolas públicas tiveram acesso a uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). Do total, 69% dos benefícios eram integrais, que custeiam 100% das mensalidades em faculdades privadas. Quase metade (47%) dos bolsistas eram afrodescendentes.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lula e os emigrantes no Itamaraty

Do DIRETO DA REDAÇÃO

O sol batia forte e pela sua testa escorriam gotas de suor, que ele enxugava com o lenço. Alguém lhe passou um boné para protegê-lo do sol e assim continuou sendo abraçado e abraçando, como se um Papai Noel de barbas mais curtas tivesse descido no Itamaraty para um distribuição de presentes.
Ligeiramente distante, eu observava o carinho com que ele retribuía a alegria de todos quantos chegavam perto, pedindo para fazer uma foto ao seu lado, naturalmente para depois colocar num porta-retratos ou num quadro na parede da sala de visitas.
Alguns minutos antes, ele me conseguira emocionar com seu improviso realçando como os pobres de seu país começam a ser mais numerosos que os filhos das classes abastada nas universidades e como os negros conquistarão em breve seu lugar na sociedade como dentistas, médicos, advogados e igualmente como diplomatas no Itamaraty.
Não eram tanto as palavras, seus argumentos, que me emociaram mas sua paixão por essa causa, sua satisfação por ter aberto e já feito um bom caminho pela igualdade social e racial no seu país, pela crescimento economico e pela riqueza que se anunciam destinados a eliminar a pobreza e dar dignidade a todos os cidadãos.
Como num flash, me passou pela cabeça a imagem do menino retirante nordestino, engraxate nas praças Mauá ou dos Andradas, em Santos, nos mesmo lugares onde Esmeraldo Tarquínio fez brilhar sapatos de corretores de café, na rua do Comércio ou proximidades do cais. Quem sabe até perto do Café Carioca, onde meu pai tomava seu cafezinho com seus colegas, enquanto seu Ford V8 aguardava o momento de um transporte para carga ou descarga de navios atracados.
Me aproximei, queria falar alguma coisa que pudesse expressar minha reação diante daquele espetáculo de contato humano, mas não conseguia. Na Europa, os presidentes são protegidos por cordões de isolamento ou por seguranças, nos EUA esses seguranças chegam a ser brutos, mas ali, diante de mim, Lula, o presidente dispensava protetores e se sentia feliz, era tão evidente, por se saber amado por seu povo. E ser amado ao chegar ao fim do mandato não é coisa comum entre presidentes.
De repente, do outro lado da barreira, se ouve a voz de uma palestina, jovem emigrante brasileira que vive no território ocupado e que, dois dias antes, defendia a criação do Estado palestino, ao lado de dois israelenses e um libanês. Lula quer que ela venha até ele – um jornalista emigrante em Israel ajuda a palestina a pular a grade e ela vem ao lado de Lula, que a esperava tendo ao lado outro israelense.
Não sei se a foto já foi publicada nos jornais palestinos e israelenses, mas é uma marcante mensagem de paz de Lula.
Lembrei-me de Lula, no amplo auditório das Nações Unidas, sendo aplaudido de pé por sindicalistas de todo mundo, em standing ovation como se fosse um super-star.
No passado, diziam ser Garrincha a alegria do povo, mas pelo jeito, agora é Lula essa alegria do povo, desse povo que vem retirando da miséria e ao qual vem restituindo a dignidade.
Não acredito em deuses nem em ídolos, mas esse homem carismático, logo ex-presidente, é o melhor presidente que já teve o Brasil.
PS. Nem todos que foram abraçar Lula eram sinceros. Alguns deles fizeram campanha contra Dilma e a foto com Lula, para colocar na sala de visitas ou no Facebook, é pura hipocrisia.