sexta-feira, 16 de abril de 2010

Até 2014, Pará terá recebido R$ 100 bilhões em investimentos estratégicos




Da Redação
Agência Pará

David Alves/Ag Pa
Ana Júlia Carepa, José Conrado (da Fiepa) e Maurílio Monteiro mostraram no seminário os investimentos feitos no Pará


São Paulo - A governadora Ana Júlia Carepa apresentou a empresários reunidos na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) os investimentos públicos e privados que estão sendo feitos em vários municípios paraenses, durante o Seminário "Pará - Oportunidades de Negócios", promovido pelo jornal Valor Econômico, nesta quinta-feira (15), na capital paulista.

De acordo com a governadora, até 2014 serão investidos mais de R$ 100 bilhões na geração de energia, construção de portos, hidrovias e rodovias, e ainda na melhoria da qualidade de vida da população, com novas moradias e abastecimentos de energia elétrica e água potável.

Segundo Ana Júlia Carepa, os investimentos visam a potencialização da indústria minero-metalúrgica no Estado, o aumento do valor agregado dos produtos, a geração de emprego e renda e, consequentemente, as melhorias sociais. "Chegou a vez de o Pará crescer, entrar na rota do desenvolvimento", reiterou.

Entre os investimentos previstos, a governadora citou a implantação dos distritos industriais nos municípios de Belém, Santarém, Marabá e Ananindeua. Somente no DI de Marabá foram investidos cerca de R$ 100 milhões, e o município se prepara para receber uma moderna planta de industrialização de aço. Já estão em andamento dois projetos, da Aços Laminados do Pará (Alpa) e o Aline (de produção de bobinas para indústria metal-mecânica), que juntos somam um montante superior a US$ 4 bilhões, para a produção de laminados de aço, laminados finos e galvanizados.

Ana Júlia Carepa citou também a preocupação de seu governo com a defesa ambiental, que segundo ela foi, por muito tempo, um calo para o governo, o setor produtivo e movimentos sociais. Ela citou a elaboração do ZEE do Oeste do Estado, já aprovado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), e dos ZEEs das regiões Leste e Norte, que estão em fase de elaboração do projeto de lei a ser encaminhado à Assembleia Legislativa.

Regularização - Outra medida importante é a criação dos instrumentos jurídicos para a regularização fundiária, que beneficiam as propriedade rurais e o meio ambiente. "Estas ações são importantes porque estão permitindo a recuperação de áreas degradadas com atividades produtivas", disse a governadora. Uma das ações em curso é a destinação de uma grande região para plantação de palmáceas, e a implantação de uma indústria de produção de biodiesel.

O investimento no Estado está sendo destinado não só à infraestrutura, frisou a governadora. O governo também prioriza ações em educação, formação profissional e inovação tecnológica. Em parceria com o Ministério da Educação, o Estado estimula a implantação de duas novas universidades federais nas regiões sul e oeste, e a construção de parques de ciência e tecnologia. Além disso, o governo está incentivando a produção científica e a formação profissional de jovens, por meio do programa Bolsa Trabalho.

"Nossas ações estão conformadas na indução de um novo modelo de desenvolvimento, que tem como um dos pilares a política de fomento ao desenvolvimento produtivo", frisou a governadora.

Após o pronunciamento da governadora, o secretário Maurílio Monteiro, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), expôs as ações de governo e os projetos que estão sendo implementados na região. "Precisamos retomar ao Estado a capacidade de pensar e impulsionar o desenvolvimento", disse Maurílio.

Iniciativas - Nos painéis seguintes à apresentação da governadora do Pará, empresas privadas e órgãos públicos federais mostraram suas iniciativas destinadas a impulsionar o desenvolvimento do Estado acima das metas nacionais.

Ian Soares, da Sinobras (Siderúrgica Norte Brasil S.A), apresentou a experiência da primeira fábrica a produzir aço na Amazônia e o projeto Aline. Este projeto possibilitará a ampliação do parque industrial do Estado, atraindo novas empresas com a oferta de mão de obra e melhores condições de produção, face à infraestrutura que está sendo implantada.

Fernando Quintella, diretor de Desenvolvimento de Projetos da Vale, mostrou os projetos da companhia em curso no Pará, como a Alpa, Onça Puma, Serra Leste e Salobo I. Quintella frisou que hoje há uma integração entre a Vale e as empresas locais, que se tornaram fornecedoras. As compras da Vale de fornecedores locais vêm crescendo. Apesar da retração observada em 2009, a Vale comprou mais de R$ 2 bilhões no Pará.

Altino Ventura Filho, secretário de Planejamento Energético do Ministério de Minas de Energia, mostrou que o Brasil é o país que detém o maior potencial hidrelétrico do mundo, e o que mais utiliza esse recurso. Contudo, em respeito às questões ambientais, o Brasil deixará de explorar grande parte desse potencial.

O Pará é o Estado que detém a maior parte desses recursos utilizáveis - 25%. Ele citou as bacias dos Rios Tocantins e Araguaia, Xingu e Tapajós, como as mais importantes, com capacidade de produzir mais de 40 MW/h nos próximos 10 anos. Altino Ventura enfatizou o compromisso dos projetos em elaboração com os projetos industriais do Pará.

José Sadock, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), abordou o projeto de pavimentação das Rodovias BR-163 (Santarém-Cuiabá) e 230 (Transamazônica), além da federalização da PA-150 no trecho Marabá-Redenção, enquanto Socorro Pirâmides, da Companhia Docas do Pará (CDP), expôs a ampliação do Porto de Vila do Conde, no município de Barcarena.

Levi Menezes - Secom

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Mecanização agrícola eleva produtividade de grãos e tubérculos no sul do Pará


Da RedaçãoAgência Pará

Eliseu Dias/Ag Pa
A pequena fábrica de farinha de mandioca do agricultor Dativo de Araújo Almeida, no município de Abel Figueiredo garante 15 empregos diretos


No Projeto de Assentamento Serra do Arara, em Abel Figueiredo, região Rio Capim, uma pequena fábrica de farinha de mandioca garante 15 empregos diretos. O proprietário e agricultor Dativo de Araújo Almeida apostou no empreendimento que, mesmo sem energia elétrica, funciona a todo vapor há cerca de seis meses. Na terra propícia para o cultivo do tubérculo, a produtividade para a safra desse ano deve aumentar em, pelo menos, 70% em relação ao ano passado. A produção de farinha abastece quatro municípios da região.

Na comunidade 3 Irmãos, em São Domingos do Araguaia, região do Carajás, os produtores familiares comemoram os resultados na lavoura. A família divide as tarefas: enquanto os homens garantem a colheita, as mulheres se revezam raspando a mandioca para ser processada. "A roça está uma beleza; nem tenho como agradecer a ajuda que estamos recebendo aqui", disse José Ananias, proprietário do lote.

Já em Palestina do Pará, na mesma região, na área pertencente à Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Projeto de Assentamento Riomar (Aprarma), a 45 quilômetros da sede do município, foram mecanizadas 15 hectares de terra, beneficiando 35 famílias. A lavoura plantada em consórcio, que agrega arroz e milho, vai render esse ano 50 toneladas de grãos - número 45% maior que o registrado no ano passado, quando foram colhidas 35 toneladas. "Essa é a primeira experiência com mecanização de área e a prioridade é, nesse momento, garantir a segurança alimentar", enfatizou Conceição Soares da Luz, presidente da Aprarma.

As experiências bem sucedidas fazem parte do projeto de fomento à produção de alimentos em lavouras mecanizadas nas áreas de agricultores familiares nas regiões Sul e Sudeste do Pará, da Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), por meio do programa Campo Cidadão. A mecanização é operada somente em áreas antropizadas (pastagens degradadas e roças abandonadas) e restituirá aos lotes familiares a capacidade produtiva dessas áreas, tornando-as efetivamente úteis e produtivas, ajudando a conter o avanço migratório e predatório para as áreas de preservação ambiental.

Pelo menos 700 famílias de produtores foram beneficiadas com o processo. São filiados a sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais, associações de pequenos agricultores familiares e nas cooperativas, os quais vivem em projetos de assentamentos da reforma agrária e em comunidades tradicionais nesses municípios. As secretarias municipais de agricultura também integram o projeto.

A interferência mecanizada no preparo dessas áreas familiares pretende gerar uma produção média de 633 toneladas de grãos e 642 toneladas de tubérculos, principalmente a mandioca. Número superior em 40% à produção registrada em 2009. Ainda que grande parte dessa produção seja consumida pelas próprias famílias, o excedente deverá ser utilizado para abastecer o mercado regional, reduzindo significativamente a necessidade de importação desses alimentos básicos, além de gerar emprego e renda.

Histórico - As regiões Sul e Sudeste do Pará, onde se agrega também o entorno do lago de Tucuruí, já ocuparam, há cerca de 20 anos, a posição de maiores produtoras de grãos do Estado, com expressiva produção de tubérculos. Porém, as práticas são rudimentares em áreas não estocadas e não mecanizadas, em que os agricultores familiares cultivam em até dois ciclos consecutivos de plantio, adotando como estratégia de manejo o repouso de área agricultável, que variava entre quatro e sete anos. Em alguns locais, esse plantio se repetia apenas mais uma vez, na mesma área, o que obrigava o agricultor a adotar o processo produtivo como "agricultura migratória", em razão da redução da fertilidade do solo e queda expressiva na produtividade dessas culturas alimentares, cultivadas sem correção e sem fertilizantes químicos ou orgânicos.

A expectativa é resgatar o processo produtivo de grãos e tubérculos em toda a região, através de práticas mais modernas e eficientes, com preparo mecanizado de áreas, possibilitando a aplicação de técnicas de correção e adubação de solos, que certamente resultarão em significativo aumento na produção e na produtividade.

Iolanda Lopes - Sagri