sábado, 5 de março de 2011
O Brasil é maior que a França e a Inglaterra. Bye-bye Serra forever
Do Conversa Afiada
O Governo Lula incorporou 50 milhões de brasileiros ao mercado de consumo.
A classe C foi a que mais cresceu.
Tem hoje 104 milhões de pessoas.
A capacidade de consumo da classe C é de 500 bilhões de reais por ano.
A classe C é aquela com uma renda mensal entre mil reais e cinco mil reais.
A classe D tem um poder de consumo de 380 bilhões de reais.
50 milhões de pessoas incorporadas à classe C é o mesmo que dizer que uma Argentina, somada a um Chile, compõe a classe C.
O PIB deve crescer este ano 7%.
Será o maior crescimento anual do PIB dos últimos 24 anos.
O crescimento do PIB de 7% fará com que a economia brasileira seja maior que a da Inglaterra e também a da França.
Na Europa, só a Alemanha ainda é maior que o Brasil.
No ano que vem, a economia brasileira crescerá 5,5%.
Essas são informações que Guido Mantega, Ministro da Fazenda, deu hoje à Fátima Turci e Paulo Henrique Amorim, que serão veiculadas hoje e amanhã na Record News.
O Brasil hoje tem 260 bilhões de dólares de reservas cambiais e dívidas de 220.
Paulo Henrique Amorim
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"Os meios de informação são sujeitos políticos, não servidores da política"
Revista Fórum:
"Por que a grande mídia mente e a mídia alternativa se confunde
Os meios de comunicação de massa nunca estão com os povos, mas os olham, os observam..., às vezes com estranhamento, às vezes com paternalismo, outras com preocupação. Quando devem transmitir as mensagens que os povos gritam e que não podem ser caladas, é necessário que estas sejam pasteurizadas e esterilizadas para o consumo de um público ao qual eles buscam proteger da contaminação.
Por Ángeles Diez
[03 de março de 2011 - 11h16]
Os meios de comunicação de massa, isto é sabido, são parte da estratégia das guerras. Desde que a política se transformou em uma guerra por novos meios – cabe aqui o aforismo “clausewitzchiano” – deixaram de existir os meios de informação. Os meios de comunicação em massa são corporações – grupos de empresas interconectados e especializados – de modo que não é possível que sigamos tratando-os como “quarto poder”, “expressão da opinião pública”, “guardiões da democracia” etc. Eles são o poder em uma de suas múltiplas faces. Dizer que os meios têm donos é uma obviedade, mas deixar de explicitá-la é correr o risco de naturalizar sua essência até fazê-la desaparecer.
Os meios de massa têm suas rotinas e uma maquinaria perfeitamente engraxada para mover-se dentro da complexidade. Por isso basta pagar aos jornalistas para que façam seu trabalho e, na maior parte das vezes, eles sabem fazer seu trabalho e não causam muitos problemas. Tais meios têm, necessariamente, uma opinião, e desde que as novas tecnologias destruíram o tempo, cada vez têm menos tempo para formá-la, de maneira que deixam seus profissionais se guiarem por sua pouca intuição e seu grande desconhecimento. Quando ocorre um feito noticiável não é mais necessário sacar o gravador ou o celular e converter a qualquer cidadão em correspondente improvisado enquanto se compra a passagem de avião e se criam as condições para que se esteja presente no local dos fatos. Haverá tempo para aperfeiçoar o projeto. Em tempos convulsivos as precauções são extremas e são postas a prova as competências dos oradores à distância, como orientar os discursos improvisados: “Diga-nos, por favor, o que está acontecendo agora... (obviamente algo acontece)”, “Há feridos? O que é que o povo reivindica?”.
Os jornalistas não são maquiavélicos, nem mesmo se posicionam, somente fazem seu trabalho. Mesclam as palavras: revoltas, revoluções, transições, ditadores, ordem, violência, insurgentes, revolucionários. Ritualizam a linguagem para torná-la imune à contradição: democracia (imposta), liberdade (concedida), ordem (coerciva); localizam os “fast thinking”: opinadores habituais e especialistas com pedigree que carimbam a marca de autoridade da qual carecem os meios. A ritualização incorpora esta parte da naturalização que nos impossibilita perceber os limites do nosso próprio pensamento, o que nos pertence de fato e o que absorvemos sem nos darmos conta. Os meios de comunicação em massa se especializam na cozinha conceitual, um pouco de tudo, exótica e fascinante, mas em verdade escassamente nutritivo. Disse Chomsky, recolhendo palavras do norte-americano W. Lippmann: “Deve-se pôr o público em seu lugar, de modo que possamos viver livres do pisoteio e do rugido de uma multidão desnorteada”. O lugar do público é o de espectador interessado, nunca de participante. Temos que orientar seus interesses.
Os meios de informação são sujeitos políticos, não servidores da política. Por isso é ingênuo pensar que alguma vez informaram o que realmente acontece na esfera política. Eles são a parte da política que se encarrega de nossas mentes. Desde que está malvisto nos sistemas contemporâneos o uso da coação e cada cidadão pode dizer o que quiser, é imprescindível que este cidadão diga aquilo que é correto. “A propaganda moderna é a tentativa consequente e duradoura de criar ou dar forma aos acontecimentos com o objetivo de influir sobre as relações do público com uma empresa, ideia ou grupo” disse o publicista Bernays (sobrinho de S. Freud).
Os meios de comunicação de massa nunca estão com os povos, mas os olham, os observam..., às vezes com estranhamento, às vezes com paternalismo, outras com preocupação. Quando devem transmitir as mensagens que os povos gritam e que não podem ser caladas, é necessário que estas sejam pasteurizadas e esterilizadas para o consumo de um público ao qual eles buscam proteger da contaminação. O fator tempo joga a princípio a favor do povo, mas só a um curto, muito curto prazo: “estourou a revolução no mundo árabe”, “o ditador caiu”, dizem os noticiários pela manhã; “a revolta triunfou”, “é hora de organizar a transição”, dizem à noite. Retiram-se as palavras e se recompõe a ordem do discurso. As reivindicações dos povos são traduzidas para os espectadores ávidos por informação. Na nova ordem linguística, o povo sempre tem razão, é claro, mas parte desta razão foi suprimida. Os meios de massa nunca mentem, de vez em quando reconhecem que estavam equivocados, mas sempre contam parte da verdade. A verdade adequada.
Nem todas as verdades são adequadas ou convenientes, e, por isso, o tempo pós-acontecimento é fundamental para selecionar a verdade conveniente. Controlar o tempo é controlar a memória. Parecido com o que fazem os ilusionistas, os meios de massa necessitam que a atenção seja desviada, que não se perceba o truque, rapidez para trocar a pomba pela lebre, ou o contrário. Onde havia um presidente, coloquemos um ditador, onde havia fundamentalistas ponhamos o povo e onde já há o povo, coloquemos o cidadão.
Os meios alternativos são diferentes. Às vezes se equivocam, é verdade, mas as boas intenções lhes salvam do inferno dos malvados. Cometem outros pecados: aspiram a ser meios de comunicação de massa. Aparentemente não pode haver mal nisto. Buscam espaço onde não há espaço e para encontrá-lo buscam a diferença. Em que consiste a diferença?
O problema é que eles tampouco têm tempo, e, ainda que acreditem ter a mesma urgência, têm menos tempo ainda que os meios massivos porque não são empresas e não dependem do dinheiro, não produzem mercadorias. Os jornalistas alternativos são livres porque realmente não são jornalistas, mas estão atados pelos trabalhos que lhes dão de comer e roubam o tempo para se informar. Os meios massivos são proprietários do tempo da informação. Se os meios alternativos visam competir neste terreno, perdem eficácia no campo da vida. Eles necessitam encontrar seus tempos para evitar o risco de criar mercadorias.
Têm, no entanto, uma vantagem qualitativa. Eles estão a pé pelas ruas, são parte do povo, e quando se trata de falar do povo, ninguém mais próximo do que eles. Esta proximidade os leva a certa confusão, e confundem o que fazem com o que são. Os meios alternativos: mediam ou são? Confundem-se com o povo e creem ser povo. Quando este povo ainda não está articulado, quando não consegue, entretanto, implantar seus canais de interlocução, quando a revolução está em marcha... os meios alternativos, em seu desejo legítimo de ajudar os processos, podem converter-se em criadores de ilusão e confundir seus desejos com “a voz do povo”. Moralmente são impecáveis, politicamente são inofensivos.
Os meios alternativos dão conselhos aos políticos, mas é uma lástima que o poder não necessite de conselhos e que os governos afins não sejam tão livres quanto os meios alternativos para prescindir de seus compromissos de governo ou prevenir os riscos para seus próprios povos. Os meios alternativos, para serem sujeitos políticos, teriam que ser organizações e/ou estar a serviço de organizações. Difícil acreditar que de forma natural sejam órgãos da massa dispersa e espontânea. Orientar-se na complexidade do real não é fácil e se não se chega a tempo... De quê? E se não se toma posições... Quê? Os povos têm outros tempos e leva tempo para se fazer a revolução.
Os meios alternativos não definem o campo de batalha. Batalham em um campo pré-definido. Seu prestígio e capacidade transformadora passam pelo compromisso com os povos e suas organizações, passa por ir se convertendo em uma parte a mais e indivisível dos povos em luta, capazes de definir estratégias, romper com as lógicas dos meios de massa, marcar seus próprios tempos e definir com responsabilidade o campo de batalhar, fazer política e ser, em definitivo, politicamente alternativos.
Tradução de Cainã Vidor. Publicado por Rebelión. Foto por http://www.flickr.com/photos/gusdrinks/.
– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"
"Por que a grande mídia mente e a mídia alternativa se confunde
Os meios de comunicação de massa nunca estão com os povos, mas os olham, os observam..., às vezes com estranhamento, às vezes com paternalismo, outras com preocupação. Quando devem transmitir as mensagens que os povos gritam e que não podem ser caladas, é necessário que estas sejam pasteurizadas e esterilizadas para o consumo de um público ao qual eles buscam proteger da contaminação.
Por Ángeles Diez
[03 de março de 2011 - 11h16]
Os meios de comunicação de massa, isto é sabido, são parte da estratégia das guerras. Desde que a política se transformou em uma guerra por novos meios – cabe aqui o aforismo “clausewitzchiano” – deixaram de existir os meios de informação. Os meios de comunicação em massa são corporações – grupos de empresas interconectados e especializados – de modo que não é possível que sigamos tratando-os como “quarto poder”, “expressão da opinião pública”, “guardiões da democracia” etc. Eles são o poder em uma de suas múltiplas faces. Dizer que os meios têm donos é uma obviedade, mas deixar de explicitá-la é correr o risco de naturalizar sua essência até fazê-la desaparecer.
Os meios de massa têm suas rotinas e uma maquinaria perfeitamente engraxada para mover-se dentro da complexidade. Por isso basta pagar aos jornalistas para que façam seu trabalho e, na maior parte das vezes, eles sabem fazer seu trabalho e não causam muitos problemas. Tais meios têm, necessariamente, uma opinião, e desde que as novas tecnologias destruíram o tempo, cada vez têm menos tempo para formá-la, de maneira que deixam seus profissionais se guiarem por sua pouca intuição e seu grande desconhecimento. Quando ocorre um feito noticiável não é mais necessário sacar o gravador ou o celular e converter a qualquer cidadão em correspondente improvisado enquanto se compra a passagem de avião e se criam as condições para que se esteja presente no local dos fatos. Haverá tempo para aperfeiçoar o projeto. Em tempos convulsivos as precauções são extremas e são postas a prova as competências dos oradores à distância, como orientar os discursos improvisados: “Diga-nos, por favor, o que está acontecendo agora... (obviamente algo acontece)”, “Há feridos? O que é que o povo reivindica?”.
Os jornalistas não são maquiavélicos, nem mesmo se posicionam, somente fazem seu trabalho. Mesclam as palavras: revoltas, revoluções, transições, ditadores, ordem, violência, insurgentes, revolucionários. Ritualizam a linguagem para torná-la imune à contradição: democracia (imposta), liberdade (concedida), ordem (coerciva); localizam os “fast thinking”: opinadores habituais e especialistas com pedigree que carimbam a marca de autoridade da qual carecem os meios. A ritualização incorpora esta parte da naturalização que nos impossibilita perceber os limites do nosso próprio pensamento, o que nos pertence de fato e o que absorvemos sem nos darmos conta. Os meios de comunicação em massa se especializam na cozinha conceitual, um pouco de tudo, exótica e fascinante, mas em verdade escassamente nutritivo. Disse Chomsky, recolhendo palavras do norte-americano W. Lippmann: “Deve-se pôr o público em seu lugar, de modo que possamos viver livres do pisoteio e do rugido de uma multidão desnorteada”. O lugar do público é o de espectador interessado, nunca de participante. Temos que orientar seus interesses.
Os meios de informação são sujeitos políticos, não servidores da política. Por isso é ingênuo pensar que alguma vez informaram o que realmente acontece na esfera política. Eles são a parte da política que se encarrega de nossas mentes. Desde que está malvisto nos sistemas contemporâneos o uso da coação e cada cidadão pode dizer o que quiser, é imprescindível que este cidadão diga aquilo que é correto. “A propaganda moderna é a tentativa consequente e duradoura de criar ou dar forma aos acontecimentos com o objetivo de influir sobre as relações do público com uma empresa, ideia ou grupo” disse o publicista Bernays (sobrinho de S. Freud).
Os meios de comunicação de massa nunca estão com os povos, mas os olham, os observam..., às vezes com estranhamento, às vezes com paternalismo, outras com preocupação. Quando devem transmitir as mensagens que os povos gritam e que não podem ser caladas, é necessário que estas sejam pasteurizadas e esterilizadas para o consumo de um público ao qual eles buscam proteger da contaminação. O fator tempo joga a princípio a favor do povo, mas só a um curto, muito curto prazo: “estourou a revolução no mundo árabe”, “o ditador caiu”, dizem os noticiários pela manhã; “a revolta triunfou”, “é hora de organizar a transição”, dizem à noite. Retiram-se as palavras e se recompõe a ordem do discurso. As reivindicações dos povos são traduzidas para os espectadores ávidos por informação. Na nova ordem linguística, o povo sempre tem razão, é claro, mas parte desta razão foi suprimida. Os meios de massa nunca mentem, de vez em quando reconhecem que estavam equivocados, mas sempre contam parte da verdade. A verdade adequada.
Nem todas as verdades são adequadas ou convenientes, e, por isso, o tempo pós-acontecimento é fundamental para selecionar a verdade conveniente. Controlar o tempo é controlar a memória. Parecido com o que fazem os ilusionistas, os meios de massa necessitam que a atenção seja desviada, que não se perceba o truque, rapidez para trocar a pomba pela lebre, ou o contrário. Onde havia um presidente, coloquemos um ditador, onde havia fundamentalistas ponhamos o povo e onde já há o povo, coloquemos o cidadão.
Os meios alternativos são diferentes. Às vezes se equivocam, é verdade, mas as boas intenções lhes salvam do inferno dos malvados. Cometem outros pecados: aspiram a ser meios de comunicação de massa. Aparentemente não pode haver mal nisto. Buscam espaço onde não há espaço e para encontrá-lo buscam a diferença. Em que consiste a diferença?
O problema é que eles tampouco têm tempo, e, ainda que acreditem ter a mesma urgência, têm menos tempo ainda que os meios massivos porque não são empresas e não dependem do dinheiro, não produzem mercadorias. Os jornalistas alternativos são livres porque realmente não são jornalistas, mas estão atados pelos trabalhos que lhes dão de comer e roubam o tempo para se informar. Os meios massivos são proprietários do tempo da informação. Se os meios alternativos visam competir neste terreno, perdem eficácia no campo da vida. Eles necessitam encontrar seus tempos para evitar o risco de criar mercadorias.
Têm, no entanto, uma vantagem qualitativa. Eles estão a pé pelas ruas, são parte do povo, e quando se trata de falar do povo, ninguém mais próximo do que eles. Esta proximidade os leva a certa confusão, e confundem o que fazem com o que são. Os meios alternativos: mediam ou são? Confundem-se com o povo e creem ser povo. Quando este povo ainda não está articulado, quando não consegue, entretanto, implantar seus canais de interlocução, quando a revolução está em marcha... os meios alternativos, em seu desejo legítimo de ajudar os processos, podem converter-se em criadores de ilusão e confundir seus desejos com “a voz do povo”. Moralmente são impecáveis, politicamente são inofensivos.
Os meios alternativos dão conselhos aos políticos, mas é uma lástima que o poder não necessite de conselhos e que os governos afins não sejam tão livres quanto os meios alternativos para prescindir de seus compromissos de governo ou prevenir os riscos para seus próprios povos. Os meios alternativos, para serem sujeitos políticos, teriam que ser organizações e/ou estar a serviço de organizações. Difícil acreditar que de forma natural sejam órgãos da massa dispersa e espontânea. Orientar-se na complexidade do real não é fácil e se não se chega a tempo... De quê? E se não se toma posições... Quê? Os povos têm outros tempos e leva tempo para se fazer a revolução.
Os meios alternativos não definem o campo de batalha. Batalham em um campo pré-definido. Seu prestígio e capacidade transformadora passam pelo compromisso com os povos e suas organizações, passa por ir se convertendo em uma parte a mais e indivisível dos povos em luta, capazes de definir estratégias, romper com as lógicas dos meios de massa, marcar seus próprios tempos e definir com responsabilidade o campo de batalhar, fazer política e ser, em definitivo, politicamente alternativos.
Tradução de Cainã Vidor. Publicado por Rebelión. Foto por http://www.flickr.com/photos/gusdrinks/.
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sexta-feira, 4 de março de 2011
Comer é verbo e não substantivo: mercado ou soberania alimentar?
Da Carta Maior
Em meados de fevereiro, o Banco Mundial comunicou que devido ao incremento nos preços da comida, o número de famintos estava se aproximando do 1 bilhão, quando os últimos dados da FAO falavam em 925 milhões. Outras 44 milhões de pessoas estão atravessando a fronteira da extrema pobreza porque suas débeis economias familiares foram desestabilizadas pelos preços elevados da comida. A situação é gravíssima, mas os preços seguem aumentando e, em uma economia globalizada, fenômenos climáticos locais – tempestades na África, geadas no México, secas na China, etc. – se convertem em um quebra-cabeças mundial. O artigo é de Vicent Boix.
Vicent Boix – Belianís
“Entre 2010 e 2011, os preços dos alimentos bateram recordes por sete meses consecutivos (...) Os aumentos nos preços dos produtos básicos se converteram em um fator desestabilizador da economia mundial, provocando tensões e distúrbios em vários países em desenvolvimento e, mais recentemente, na Argélia, Tunísia e Egito”. As afirmações são do Parlamento Europeu em uma resolução aprovada no dia 17 de fevereiro, que acrescentou: “...os altos preços dos alimentos lançam milhões de pessoas na insegurança alimentar e ameaçam a segurança alimentar mundial no longo prazo” (1).Diante desta nova e trágica crise alimentar, repete-se uma e outra vez que a causa principal da alta dos preços é um desequilíbrio entre uma menor oferta e uma maior demanda em nível mundial, ou seja, cada vez se exigem mais cultivos e este ano os rendimentos foram piores. Mas, em um artigo anterior (2) indiquei que durante os anos 2003-2004 a situação em nível mundial quanto à quantidade de alimentos básicos como os cereais tinha sido pior que a de 2007 até agora. Contrariamente e tomando como referência o “Índice para os Preços dos Alimentos”, utilizado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), os preços em 2003-2004 foram cerca de 50% inferiores em comparação com os da crise de 2008 e 100% inferiores em relação a janeiro de 2011.
Portanto, algo está manipulando e alterando os mercados e esse algo é a especulação que, segundo o Parlamento Europeu, é a culpada por 50% dos aumentos recentes. A própria FAO reconhece que só 2% dos contratos de futuros termina com a entrega da mercadoria e a maioria é negociada novamente, por isso “...esse tipo de contratos atraem um número cada vez maior de especuladores financeiros e investidores, já que seus lucros podem ser mais atrativos em relação a como se comportam os de ações e bônus” (3).
O problema não é de escassez ou de uma menor oferta de alimentos, como se diz sem parar, mas sim de alguns preços inflados por especuladores como constata a Eurocâmara em uma resolução anterior: “...na atualidade, o fornecimento total mundial de alimentos não é insuficiente (...) é mais a inacessibilidade dos mesmos e seus elevados preços os fatores que privam muitas pessoas da segurança alimentar” (4).
No entanto, a especulação, causadora das altas de preços, não é propriamente a raiz do problema. Ela deveria ser freada, mas os preços dos alimentos seguiriam sujeitos aos movimentos da oferta e da demanda, em uma época na qual cresce o interesse por agrocombustíveis e as grandes transnacionais controlam os diferentes níveis da cadeia alimentar.
Ou seja, enquanto as nações marginalizarem sua autossuficiência e a panaceia for comprar alimentos básicos no grande supermercado global, ao mesmo tempo em que se exporta para esse mercado matérias primas e cultivos exóticos (soja para pastagem, algodão, plátanos, flores, pinus, café, milho para etanol, etc.), a alimentação seguirá sujeita à dinâmica de um mercado manejado por certos polvos que pouco entendem de fome.
Não se diz com isso que podemos prescindir do mercado internacional, mas é vital sus regularização e, sobretudo, que as nações priorizem sua soberania alimentar entendida como a faculdade dos povos e dos agricultores de decidir suas políticas agrárias para garantir a segurança alimentar. Nos tempos que correm talvez seja uma heresia, mas curiosamente, no mesmo comunicado de imprensa em que a FAO há pouco anunciava que os preços dos alimentos tinham alcançado um recorde histórico, um economista desta instituição indicava que “o único fator alentador até o momento provém de um certo número de países nos quais – devido a boas colheitas – os preços domésticos de alguns alimentos básicos permanecem baixos comparando-se com os preços mundiais (5).
Dito de outra maneira, estes países poderão abastecer-se de comida barata porque eles mesmos a cultivam e não tem que adquiri-la nos “reinos” das multinacionais e dos fundos de investimento. Mas apesar deste dado, a tendência é mais a contrária. A liberalização anima o investimento e o deslocamento da produção para os países do Sul, cujas terras deixam de produzir alimentos para transformarem-se em propriedades onde brotam os agrocombustíveis, as pastagens e as sobremesas das nações abastadas. Essas terras se concentram nas mãos de ricos latifundiários e de investidores enquanto o camponês é expulso do campo. O resto de níveis da cadeia alimentar (sementes, intermediação, manufatura, etc) concentra-se em poucas mãos que ditam as condições, monopolizam os mercados, encarecem os alimentos do consumidor e arrastam o agricultor para a falência. A agricultura e a alimentação como sustentos básicos desaparecem em favor da visão mercantilista: o fim último não é garantir comida nem trabalho, mas sim fazer um bom negócio, não importando quem sucumba por isso.
Esse modelo baseado na exportação ao mercado internacional onde tudo é suscetível de ser cotizado, comprado ou vendido, não só é incoerente porque cria dependência alimentar do mercado exterior e seus preços, mas porque, além disso, cria dependência do petróleo para o transporte e porque a agricultura industrial necessita de abundantes agrotóxicos. Com as revoltas atuais em países como Líbia, novamente o petróleo se encarece o que aprofundará a crise dos alimentos como em 2008. Se consideramos que “mudança climática” e o “zênite do petróleo” são questões da atualidade, resulta ainda mais surrealista encomendar nossas calorias ao ouro negro.
O analgésico milagroso
Em meados de fevereiro, o Banco Mundial comunicava que devido ao incremento nos preços da comida, o número de famintos estava se aproximando do 1 bilhão, quando os últimos dados da FAO falavam em 925 (milhões). Outras 44 milhões de pessoas estão atravessando a fronteira da extrema pobreza porque suas débeis economias familiares foram desestabilizadas pelos preços elevados da comida (6)
A situação é gravíssima, mas os preços seguem aumentando e, em uma economia globalizada, os últimos fenômenos climáticos locais – tempestades na África, geadas no México, secas na China, etc. – se convertem em um quebra-cabeças mundial. Mas atenção, não se trata de um problema de escassez e os rugidos de 1 bilhão de estômagos vazios não são suficientes para que se dê o soco na mesa definitivo que ponha em seu devido lugar o mercado e os especuladores. Foram disparados muitos fogos de artifícios a título de boas intenções. Na recente reunião do G-20, por exemplo, falava-se de uma maior transparência nos mercados, limitação da especulação, melhor informação sobre os cultivos...Em resumo, nada que não tenha se ouvido antes e nada que não tenha resultado em nada, apesar de, no dia 17 de fevereiro, o Parlamento Europeus ter pedido ao G-20 “que se combata em escala internacional os abusos e manipulações dos preços agrícolas, dado que representam um perigo potencial para a segurança alimentar mundial”, além de reclamar “...a adoção de medidas dirigidas a abordar a excessiva volatilidade de preços...” (7).
As propostas de curto prazo implementadas para conter essa situação estão sendo tão injustas como ineficazes, porque se pretende solucionar o erro jogando no campo do mercado e acatando as suas regras em lugar de enfrentá-lo e frear seus desvarios. Nesta direção, por exemplo, a FAO reconheceu que desde julho de 2010 seu objetivo tem sido “acalmar os mercados” (8). Para isso o analgésico empregado por este organismo consistiu em bajular certos países que tinham restringido suas exportações – de cereais, sobretudo – para que as retomassem rapidamente e assim recuperassem o fluxo da oferta que amansaria os preços no mercado internacional.
Cabe registrar que estes países exportadores fecharam suas fronteiras, supostamente para garantir comida a seus cidadãos, primeiro porque as colheitas não foram boas, segundo porque a melhor maneira de não cair na crise de preços internacionais é com produções nacionais. Pois bem, algo que é minimamente normal e mesmo legítimo, foi considerado por muitos como a principal causa da crise de preços dos alimentos, porque sob a lógica do livre mercado estava se manipulando a oferta mundial dessa mercadoria chamada comida.
Mas enquanto estas nações são pressionadas a retomar as exportações e a não armazenar comida para suas populações, ninguém se atreve a denunciar a barbaridade de milhões de toneladas de milho estadunidense destinados à produção de etanol (14% do milho mundial) (9). Isso é assim porque sob o intocável prisma neoliberal dominante, os alimentos não têm porque alimentar estômagos, mas sim são mercadorias que inexoravelmente devem ser cotizadas no mercado, onde terão os preços condicionados, pois o fim último é aumentar os lucros e se estes crescem com os automóveis, que sigam roncando os estômagos.
Pão para hoje e fome para amanhã
Desde julho vem se tentando “acalmar os mercados” e o fracasso tem sido estrondoso. A restauração das exportações de alimentos não apagou o fogo que seguiu expandindo-se diante das notícias de colheitas menores e de fenômenos meteorológicos que só aumentaram a preocupação. Pediram-se concessões aos países exportadores que não aplacaram a crise e, no dia 26 de janeiro, de um modo um tanto desesperado, a FAO lançava um informe (10) com recomendações para que se apertasse o cinto, neste caso das nações importadoras, entre as quais se encontram majoritariamente os pobres. O pacote de medidas se centrava fundamentalmente em um único ponto: que os estados apliquem medidas econômicas e comerciais para reduzir o preço dos alimentos, como, por exemplo, subsídios diretos, empréstimos para o financiamento das exportações, incentivos fiscais, redução de impostos, redução de barreiras alfandegárias e de impostos para importações de comida, insumos, máquinas agrícolas, etc. Algumas destas recomendações – mais próximas à filosofia do FMI e do Banco Mundial – foram adotadas durante a crise de 2008 e alguns países já estão aplicando-as. A Guatemala, por exemplo, no início de fevereiro, anunciou a importação de milho com tarifa alfandegária zero para fazer frente à alta de preços (11).
Logicamente estas medidas debilitarão os cofres das nações que deixarão de arrecadar impostos ou subsidiarão diretamente alimentos com fundos dos orçamentos públicos, o que afetará no médio e largo prazo o financiamento de outros programas e serviços públicos. Para as nações que podem ter problemas com os orçamentos e a balança de pagamentos, a FAO recomenda, leia bem, que recorram aos programas do Banco Mundial e do FMI, o que dá na mesma, que se endividem mais para garantir os lucros brutais que o mercado e seus especuladores estão acumulando com a alta de preços.
Como pode se observar, e como foi repetido à saciedade neste artigo, ninguém fala nada sobre o agente causador da distorção, situado justamente entre os países que produzem e compram comida, que recebem pedidos de sacrifício e de adaptação aos caprichos do mercado, comprometendo inclusive suas próprias contas. As classes políticas destes países, vendo as imagens do Egito ou da Líbia, não se arriscam a sofrer problemas de falta de alimentos e bailam conforme a música.
Enquanto se esperam novos dados sobre os preços da comida, a situação começa a ser sumamente asfixiante e pode derivar em uma crise pior que a de 2008. Por isso, a verborreia grandiloquente tornou-se dispensável e urgem soluções reais e efetivas, porque para a humanidade comer é um verbo e não um substantivo pomposo e demagógico.
(*) Vicent Boix é escritor, autor do livro “El parque de las hamacas”, e editor de Ecologia Social da revista Belianís (Espanha).
NOTAS
(1)http://www.europarl.europa.eu/RegData/seance_pleniere/textes_adoptes/provisoire/2011/02-17/0071/P7_TA-PROV%282011%290071_ES.pdf
(2) http://www.elparquedelashamacas.org/html/diosmercado.html
(3) FAO: “Los mercados de futuros necesitan algún tipo de regulación”
Roma, 23 de junio de 2010.
(4) http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+TA+P7-TA-2011-0006+0+DOC+XML+V0//ES&language=ES
(5) FAO: “Los precios mundiales de los alimentos alcanzan un nuevo
récord histórico” Roma, 3 de febrero de 2011.
(6) http://www.europapress.es/epsocial/noticia-numero-personas-sufren-hambre-cronica-acerca-mil-millones-2011021614184.html
(7)http://www.europarl.europa.eu/RegData/seance_pleniere/textes_adoptes/provisoire/2011/02-17/0071/P7_TA-PROV%282011%290071_ES.pdf
(8) FAO: “Puntualización por el Director General de la FAO” Roma, 27 de
enero de 2011.
(9)http://www.elperiodico.com/es/noticias/opinion/20110110/agrocarburantes-como-donde/657156.shtml
(10) http://www.fao.org/fileadmin/user_upload/ISFP/ISFP_guide_web.pdf
(11) http://www.agroinformacion.com/noticias/23/industria/34103/guatemala-importara-maiz-y-harina-con-arancel-0-para-hacer-frente-alza-precio.aspx
Tradução: Katarina Peixoto
Jornada Nacional de Luta das Mulheres
Letra Viva MST INFORMA
As mulheres da Via Campesina fizeram uma Jornada Nacional de Luta das Mulheres em referência ao dia 8 de Março - Dia Internacional da da Luta das Mulheres -para denunciar a extrema gravidade da situação do campo brasileiro.
Foram realizadas mobilizações em dez estados, como atos, marchas e protestos em empresas e rodovias. O grito feminista das mulheres camponesas contra os agrotóxicos e contra a violência contra a mulher ecoou pelo Brasil. Mais de 15 mil mulheres já deram o recado: contra os venenos na alimentação e contra a opressão na vida cotidiana. Leia o que aconteceu em todos os estados na Página do MST: http://www.mst.org.br/jornada- de-lutas-das-mulheres-2011
O agronegócio é a combinação entre latifúndio, capital financeiro, indústria química e metalúrgica, financiamento público e mídia. Baseado na produção em forma de monocultura, o agronegócio é o novo rosto do latifúndio. Mantém a lógica de produção em grandes extensões de terras – para isso, concentrando cada vez mais; péssimas condições de trabalho, devastação dos recursos naturais, trabalho escravo e produção para exportação.
Essa lógica provoca a expulsão do campesinato e de populações tradicionais das suas terras, a contaminação dos trabalhadores e trabalhadoras e o aprofundamento da crise ambiental e das mudanças climáticas. Esse atual modelo de desenvolvimento para o campo visa manter um padrão de produção e de consumo ambientalmente insustentável e socialmente injusto.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2008. Em 2009, o país consumiu 1 bilhão de litros de venenos. Se dividirmos essa quantia por habitante, teremos 5 litros de veneno consumido por habitante por ano.
A vida no campo e a produção de alimentos estão ameaçadas com o desaparecimento de sementes crioulas, a perda de biodiversidade e a ameaça a segurança alimentar em virtude da liberação comercial de cultivos transgênicos, do uso de agrotóxicos e da expansão das monoculturas de exportação.
Além disso, o controle da cadeia produtiva alimentar pelas grandes transnacionais ameaça a soberania alimentar e a saúde da população Esse modelo de desenvolvimento é devastador.
Financiamento público
O governo tem se tornado um forte aliado do agronegócio e da indústria dos agrotóxicos no Brasil. Além do financiamento público para as empresas, o governo fortalece esse mercado por meio de incentivos fiscais com a isenção de 60% dos impostos.
O financiamento e a isenção de impostos é a mão do Estado garantindo o aumento do uso de venenos na agricultura brasileira. Mas outros fatores, como a falta de rigoroso cumprimento da legislação ambiental e sanitária, incluindo a fiscalização e das ações das empresas de agrotóxicos e seu uso, contribuem para que isso se fortaleça.
Por isso, as mulheres se mobilizaram para apresentar uma alternativa para a produção no campo, que é a agroecologia. Esse modelo tem como base a pequena propriedade, da Reforma Agrária e da agricultura camponesa cooperada, para a produção de alimentos saudáveis e preservação da a biodiversidade. A terra, a água e as sementes são bens da natureza que devem ser utilizados a serviço dos seres humanos e de toda a sociedade.
Para enfrentar esse quadro de contaminação da população e destruição do ambiente, a Via Campesina propõe as seguintes medidas para a sociedade e para o governo:
- Que o Governo Federal crie a Lei Federal que proíbe a Pulverização Aérea de Agrotóxicos: Lei Zé Maria do Tomé
- Que os órgãos governamentais e jurídicos (IBAMA, ANVISA, etc.) cumpram de fato o seu papel de monitorar e de punir as empresas que cometem irregularidades e banir venenos já proibidos em outros países;
-Suspensão de todos os incentivos fiscais para a produção, comercialização e utilização de agrotóxicos e pelo fim de créditos subsidiados para as empresas que cometem crimes ambientais e sociais;
-Divulgação e ampliação dos estudos e pesquisas existentes nas Universidades, como forma de medir os impactos sociais e ambientais e esclarecer a população sobre os riscos dos agrotóxicos na saúde e no ambiente;
-Suspensão da produção, comercialização e utilização de agrotóxicos no Brasil;
-Recuperação ambiental das áreas afetadas pelos agrotóxicos;
- Proibição imediata da produção e comercialização de produtos transgênicos;
- Desapropriação das terras com crime ambiental e destinação imediata para a Reforma Agrária;
- Créditos de apoio para a produção agroecológica de alimentos produzidas pela agricultura camponesa.
Os movimentos sociais do campo mantêm o comprometemos de lutar e denunciar permanentemente todas as formas de violação dos direitos e crimes cometidos pelas empresas transnacionais.
Secretaria Nacional do MST
quinta-feira, 3 de março de 2011
IPEA divulga estudos que indicam melhora na Educação do Brasil
Agência Brasil
Pesquisa aponta melhora na educação do Brasil
Sistema de Indicadores de Percepção Social ouviu 2.770 pessoas em todas as regiões brasileiras
O Ipea divulgou, na manhã de segunda-feira, dia 28, o Sistema de Indicadores de Percepção (SIPS) sobre Educação. O indicador foi apresentado pelo coordenador de Educação do Ipea, Paulo Corbucci, e teve transmissão online pelo site do Instituto.
O SIPS aponta que cerca de 49% dos entrevistados (2.770 pessoas) acreditam que a educação pública melhorou no Brasil, 27,2% acham que a educação continua igual, enquanto cerca de 24% consideram que a educação piorou. A percepção de que a educação pública no Brasil melhorou nos últimos anos é maior entre os homens e entre as pessoas mais jovens, assim como entre os cidadãos com menor escolaridade.
As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram as que mais apresentaram evolução na educação, segundo os entrevistados. A informação pode ser a evidência de que foram ampliados os investimentos em educação nessas regiões, já que é onde se encontram os piores indicadores educacionais do País.
O SIPS também questionou os entrevistados sobre a qualidade da merenda escolar. Os dados apontam uma grande diferença entre as regiões brasileiras. Na região Norte, por exemplo, cerca de 21,7% dos entrevistados consideraram a qualidade da merenda ruim. O índice é alto se comparado com o das regiões Sul e Sudeste, onde a merenda é considerada ruim por 7,5% e 4,1% dos entrevistados, respectivamente. O Nordeste e o Centro-Oeste apresentam números similares: 13,9% dos entrevistados consideraram a merenda ruim.
Quanto ao programa Universidade para Todos, ProUni, o estudo mostra que cerca de 84% dos entrevistados consideraram pequeno o número de vagas do programa e acham que deveria haver ampliação. Outro resultado do SIPS foi a constatação do desconhecimento da população de programas como o Programa do Livro Didático e dos Conselhos Escolares.
Leia na íntegra o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre "educação"
Veja os gráficos da apresentação do SIPS sobre "educação"
Pesquisa aponta melhora na educação do Brasil
Sistema de Indicadores de Percepção Social ouviu 2.770 pessoas em todas as regiões brasileiras
O Ipea divulgou, na manhã de segunda-feira, dia 28, o Sistema de Indicadores de Percepção (SIPS) sobre Educação. O indicador foi apresentado pelo coordenador de Educação do Ipea, Paulo Corbucci, e teve transmissão online pelo site do Instituto.
O SIPS aponta que cerca de 49% dos entrevistados (2.770 pessoas) acreditam que a educação pública melhorou no Brasil, 27,2% acham que a educação continua igual, enquanto cerca de 24% consideram que a educação piorou. A percepção de que a educação pública no Brasil melhorou nos últimos anos é maior entre os homens e entre as pessoas mais jovens, assim como entre os cidadãos com menor escolaridade.
As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram as que mais apresentaram evolução na educação, segundo os entrevistados. A informação pode ser a evidência de que foram ampliados os investimentos em educação nessas regiões, já que é onde se encontram os piores indicadores educacionais do País.
O SIPS também questionou os entrevistados sobre a qualidade da merenda escolar. Os dados apontam uma grande diferença entre as regiões brasileiras. Na região Norte, por exemplo, cerca de 21,7% dos entrevistados consideraram a qualidade da merenda ruim. O índice é alto se comparado com o das regiões Sul e Sudeste, onde a merenda é considerada ruim por 7,5% e 4,1% dos entrevistados, respectivamente. O Nordeste e o Centro-Oeste apresentam números similares: 13,9% dos entrevistados consideraram a merenda ruim.
Quanto ao programa Universidade para Todos, ProUni, o estudo mostra que cerca de 84% dos entrevistados consideraram pequeno o número de vagas do programa e acham que deveria haver ampliação. Outro resultado do SIPS foi a constatação do desconhecimento da população de programas como o Programa do Livro Didático e dos Conselhos Escolares.
Leia na íntegra o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre "educação"
Veja os gráficos da apresentação do SIPS sobre "educação"
Código Florestal: cientistas criticaram mudanças previstas na proposta de Aldo Rebelo
SBPC: novo Código Florestal é ‘insustentável’:
Renata Camargo
O polêmico projeto de lei do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que cria o novo Código Florestal é “cientificamente insustentável”. A conclusão é de cientistas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Associação Brasileira de Ciência (ABC), que na semana passada apresentaram na Câmara os resultados preliminares de um estudo sobre o novo Código Florestal. O estudo completo será divulgado nas próximas semanas.
“O substitutivo do Aldo não tem sustentação no conhecimento científico disponível na atualidade. Ele não entrou no grande desafio atual que é produzir com alta tecnologia, respeitando mata ciliar, reserva legal, etc. O projeto de Aldo não aproveitou essa oportunidade de modificar o raciocínio da produção agrícola do Brasil. Cientificamente, ele é insustentável, sob pena não só de comprometer o meio ambiente, mas principalmente sob pena de consolidar uma agricultura de baixa tecnologia”, afirmou o professor Ricardo Rodrigues, do departamento de Ciências Biológicas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
Veja aqui o sumário do estudo da SBPC e da ABC
O relator da proposta do novo Código Florestal sustenta que seu texto se baseia em critérios técnicos e teve respaldo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em um plenário lotado, cientistas criticaram mudanças previstas na proposta de Aldo Rebelo como o perdão a dívidas por desmatamentos ilegais, a redução de áreas de proteção permanente (APPs) na beira dos rios e a dispensa de reserva legal em propriedades com até quatro módulos rurais. Mas sugestões diretas para substituir os pontos polêmicos da proposta não foram apresentadas. Segundo Rodrigues, é preciso reconstruir um novo código “à luz da ciência” e, para isso, será preciso mais tempo. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), já anunciou que pretende incluir o projeto na pauta já no mês que vem.
Segundo a presidenta da SBPC, Helena Nader, o estudo teve participação de pesquisadores de diversas instituições, inclusive da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Fizemos um estudo aprofundado dos aspectos científicos e traremos a visão da ciência nos diferentes aspectos. Nós não estamos com partidos, não estamos polarizados, estamos trazendo para o debate o que tem a ciência hoje a contribuir para a melhoria de um código florestal”, afirmou.
Mais debate
As opiniões oficiais da academia brasileira aparecem no debate sobre as mudanças no Código Florestal no Congresso sete meses depois de a proposta de Aldo Rebelo ter sido aprovada na comissão especial da Câmara e anos depois de as discussões terem se intensificado no Congresso. Os cientistas querem a votação da proposta seja adiada para que o debate seja aprofundado.
“Um grande mérito do Aldo Rebelo dessa discussão é o fato de ter alertado para a necessidade de discutir o Código Florestal. Essa proposta conseguiu fazer a academia sentar e estudar. A gente agora deve passar por uma fase de colaboração e congraçamento, onde deixem de existir os dois extremos – ruralistas e ambientalistas – e se inclui o interesse da sociedade”, afirmou o engenheiro agrônomo Antonio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O projeto de lei que modifica o Código Florestal está na pauta de votações do plenário da Câmara. Enquanto ambientalistas defendem mais discussões, parlamentares da bancada ruralista pressionam para acelerar a votação. Na tentativa de buscar consenso para a proposta, ruralistas têm tentando costurar com o governo um texto “conciliador”. Esse texto deve ser apresentado para a bancada ambientalista na “câmara de negociações”, que deve ser criada internamente na Câmara para buscar consenso para a votação do novo código.
Leia ainda:
Ruralistas fazem nova investida por Código Florestal
Veja o que cada lado pode ceder no Código Florestal
Tudo sobre o Código Florestal
Estudo feito pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e pela Associação Brasileira de Ciência diz que projeto em discussão na Câmara não tem embasamento científico e consolida agricultura de baixa tecnologia
Ambientalistas ganham apoio de cientistas nas críticas ao novo Código Florestal |
O polêmico projeto de lei do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que cria o novo Código Florestal é “cientificamente insustentável”. A conclusão é de cientistas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Associação Brasileira de Ciência (ABC), que na semana passada apresentaram na Câmara os resultados preliminares de um estudo sobre o novo Código Florestal. O estudo completo será divulgado nas próximas semanas.
“O substitutivo do Aldo não tem sustentação no conhecimento científico disponível na atualidade. Ele não entrou no grande desafio atual que é produzir com alta tecnologia, respeitando mata ciliar, reserva legal, etc. O projeto de Aldo não aproveitou essa oportunidade de modificar o raciocínio da produção agrícola do Brasil. Cientificamente, ele é insustentável, sob pena não só de comprometer o meio ambiente, mas principalmente sob pena de consolidar uma agricultura de baixa tecnologia”, afirmou o professor Ricardo Rodrigues, do departamento de Ciências Biológicas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
Veja aqui o sumário do estudo da SBPC e da ABC
O relator da proposta do novo Código Florestal sustenta que seu texto se baseia em critérios técnicos e teve respaldo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em um plenário lotado, cientistas criticaram mudanças previstas na proposta de Aldo Rebelo como o perdão a dívidas por desmatamentos ilegais, a redução de áreas de proteção permanente (APPs) na beira dos rios e a dispensa de reserva legal em propriedades com até quatro módulos rurais. Mas sugestões diretas para substituir os pontos polêmicos da proposta não foram apresentadas. Segundo Rodrigues, é preciso reconstruir um novo código “à luz da ciência” e, para isso, será preciso mais tempo. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), já anunciou que pretende incluir o projeto na pauta já no mês que vem.
Segundo a presidenta da SBPC, Helena Nader, o estudo teve participação de pesquisadores de diversas instituições, inclusive da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Fizemos um estudo aprofundado dos aspectos científicos e traremos a visão da ciência nos diferentes aspectos. Nós não estamos com partidos, não estamos polarizados, estamos trazendo para o debate o que tem a ciência hoje a contribuir para a melhoria de um código florestal”, afirmou.
Mais debate
As opiniões oficiais da academia brasileira aparecem no debate sobre as mudanças no Código Florestal no Congresso sete meses depois de a proposta de Aldo Rebelo ter sido aprovada na comissão especial da Câmara e anos depois de as discussões terem se intensificado no Congresso. Os cientistas querem a votação da proposta seja adiada para que o debate seja aprofundado.
“Um grande mérito do Aldo Rebelo dessa discussão é o fato de ter alertado para a necessidade de discutir o Código Florestal. Essa proposta conseguiu fazer a academia sentar e estudar. A gente agora deve passar por uma fase de colaboração e congraçamento, onde deixem de existir os dois extremos – ruralistas e ambientalistas – e se inclui o interesse da sociedade”, afirmou o engenheiro agrônomo Antonio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O projeto de lei que modifica o Código Florestal está na pauta de votações do plenário da Câmara. Enquanto ambientalistas defendem mais discussões, parlamentares da bancada ruralista pressionam para acelerar a votação. Na tentativa de buscar consenso para a proposta, ruralistas têm tentando costurar com o governo um texto “conciliador”. Esse texto deve ser apresentado para a bancada ambientalista na “câmara de negociações”, que deve ser criada internamente na Câmara para buscar consenso para a votação do novo código.
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Ruralistas fazem nova investida por Código Florestal
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quarta-feira, 2 de março de 2011
Reajuste do Bolsa família
A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira (1º), em Irecê (Bahia), o aumento do Bolsa-família. Os números são:
- reajuste médio dos benefícios: 19,4% (de R$ 96 para R$ 115)
- aumento real (acima da inflação) médio: 8,7%
- bolsa para criança até 15 anos (limite de 3 bolsas): 45,5% (de R$ 22 para R$ 32)
- bolsa para jovem entre 16 e 17 anos (limite de 2 bolsas): 15,2% (de R$ 33 para R$ 38)
- benefício básico (para famílias como renda por pessoa de até R$ 70 por mês): 2,9% (de R$ 68 para R$ 70)
- benefício máximo por família subiu de R$ 200 para R$ 242
- benefício mínimo por família subiu de R$ 22 para R$ 32
- aumento no orçamento da união: R$ 2,1 bilhões
- investimento no Bolsa Família é cerca de 0,4% do PIB
- famílias atendidas: 12,9 milhões
- pessoas atendidas: cerca de 50 milhões com renda por pessoa de até R$ 140 por mês
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, explica:
“Não se trata de um simples reajuste. O aumento significativo dos benefícios variáveis é exatamente o de maior impacto sobre a extrema pobreza”
Dengue: pesquisadores do CE descobrem vacina vegetal
Fonte: O POVO Online/OPOVO/Opinião - 02/03/2011
O Ceará acaba de descobrir uma vacina para a dengue (a única no mundo), a partir de plantas e não de organismos animais e vírus atenuados, como é de praxe. A pesquisa foi desenvolvida pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) no momento mesmo em que o Estado corre o risco de ter uma epidemia de dengue.
Não é a primeira vez que pesquisadores cearenses destacam-se com alguma descoberta importante para a ciência. No presente caso, trata-se da primeira vacina de origem vegetal, no mundo. Esse objetivo vinha sendo buscado em vários países já que, segundo Organização Mundial de Saúde (OMS), são registrados cerca de 100 milhões de casos/ano em população de risco de 2,5 a três bilhões de seres humanos. Mais animador é saber que a nova tecnologia deverá combater os quatro tipos de manifestação do vírus, incluindo o hemorrágico.
O feijão de corda foi o grande herói desse processo. Quando os cientistas injetaram genes do vírus na planta, esta desenvolveu as proteínas anticorpos encarregadas de gerar as defesas do organismo. Imediatamente, foram isolados os antígenos que puderam, então, ser aplicados em forma de vacina. Um simples pé de feijão pode gerar até 50 doses de vacina.
Não só a matéria-prima é bastante acessível, mas a produção sai a custo baixíssimo, além de proporcionar a redução de reações alérgicas, comuns nas vacinas desenvolvidas com métodos tradicionais.
O anúncio da descoberta ocorre no momento em que a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) lança a Operação Carnaval destinada ao combate ao mosquito transmissor da dengue, abarcando 71 localidades, distritos ou sedes de 24 municípios, além de 14 bairros das regionais I e II da Capital. Entre estes, os bairros mais vulneráveis: Quintino Cunha, Conjunto Ceará, Grande Marechal Rondon, Barra do Ceará e Antônio Bezerra, com alto índice de infestação do mosquito.
Muitas pessoas vão para o Interior passar os dias de Carnaval e poderão ser infectadas pelo Aedes aegypti, nas áreas mais vulneráveis, como Mombaça, cujo índice de infestação é de 16%, muito além do 1% tolerado pela OMS. Agora isso poderá ficar no passado.
Copiado do ContrapontoPIG
O Ceará acaba de descobrir uma vacina para a dengue (a única no mundo), a partir de plantas e não de organismos animais e vírus atenuados, como é de praxe. A pesquisa foi desenvolvida pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) no momento mesmo em que o Estado corre o risco de ter uma epidemia de dengue.
Não é a primeira vez que pesquisadores cearenses destacam-se com alguma descoberta importante para a ciência. No presente caso, trata-se da primeira vacina de origem vegetal, no mundo. Esse objetivo vinha sendo buscado em vários países já que, segundo Organização Mundial de Saúde (OMS), são registrados cerca de 100 milhões de casos/ano em população de risco de 2,5 a três bilhões de seres humanos. Mais animador é saber que a nova tecnologia deverá combater os quatro tipos de manifestação do vírus, incluindo o hemorrágico.
O feijão de corda foi o grande herói desse processo. Quando os cientistas injetaram genes do vírus na planta, esta desenvolveu as proteínas anticorpos encarregadas de gerar as defesas do organismo. Imediatamente, foram isolados os antígenos que puderam, então, ser aplicados em forma de vacina. Um simples pé de feijão pode gerar até 50 doses de vacina.
Não só a matéria-prima é bastante acessível, mas a produção sai a custo baixíssimo, além de proporcionar a redução de reações alérgicas, comuns nas vacinas desenvolvidas com métodos tradicionais.
O anúncio da descoberta ocorre no momento em que a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) lança a Operação Carnaval destinada ao combate ao mosquito transmissor da dengue, abarcando 71 localidades, distritos ou sedes de 24 municípios, além de 14 bairros das regionais I e II da Capital. Entre estes, os bairros mais vulneráveis: Quintino Cunha, Conjunto Ceará, Grande Marechal Rondon, Barra do Ceará e Antônio Bezerra, com alto índice de infestação do mosquito.
Muitas pessoas vão para o Interior passar os dias de Carnaval e poderão ser infectadas pelo Aedes aegypti, nas áreas mais vulneráveis, como Mombaça, cujo índice de infestação é de 16%, muito além do 1% tolerado pela OMS. Agora isso poderá ficar no passado.
Copiado do ContrapontoPIG
terça-feira, 1 de março de 2011
Marajó na rota do Rallye Iles Du Soleil
Da Redação
Agência Pará de Notícias
A partir de 1º de março começam a chegar ao município de Soure, na ilha de Marajó, os primeiros dos 26 barcos que compõem o 11º Rallye Iles Du Soleil/Transamazone, que este ano volta a ganhar apoio especial do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (Seel), em função da valorização turística que a expedição provoca na Europa.Agência Pará de Notícias
Segundo Nicholas Tiphagne, coordenador operacional do evento no Brasil, a maioria dos participantes está vindo à Amazônia pela primeira vez com a expectativa de conhecer a região e suas peculiaridades nos segmentos da culinária, cultura, música e artesanato.
O Pará é o Estado brasileiro com maior tempo de duração da aventura, que iniciou em outubro do ano passado e já percorreu as ilhas da Madeira e de Cabo Verde, Marrocos e Senegal. No Brasil, as cidades visitadas foram João Pessoa (PB), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Fernando de Noronha e a comunidade de Luis Corrêa, na região do delta do rio Parnaíba, no Piuaí. "A maior expectativa é para chegar ao Pará", destacou Nicholas Tiphagne.
Na manhã desta sexta-feira, 25, a partir das 10h, a gerente de eventos da Seel, Ana Júlia Chermont, vai coordenar uma reunião com representantes de vários órgãos de governo e da Capitania dos Portos. O objetivo é garantir segurança aos velejadores enquanto estiverem navegando em águas paraenses. O roteiro da viagem inicia pela cidade de Soure, em seguida Belém e depois São Sebastião da Boa Vista, Breves, Porto de Moz, Almeirim, Santarém e finalizando a expedição em Afuá, cidade eleita pelos participantes de rallyes anteriores como a mais "charmosa" e "acolhedora" de todo o percurso, que dura em média seis meses.
Segundo Nicholas Tiphagne, o Rallye tem uma função social importante, pois acaba gerando emprego e renda nas cadeias produtivas do turismo e de infraestrutura pelas cidades visitadas. Ele citou o caso dos municípios de Porto de Moz e Almeirim, na região do baixo Amazonas, que reformaram os portos para atracação dos barcos. "Também fazemos parcerias com as prefeituras do interior do Pará. Queremos criar um ambiente favorável ao rallye e seus participantes", avalia, sem esquecer de destacar que a passagem pelas cidades paraenses é aguardada com muita animação pelos velejadores, "tanto que o rallye troca de nome de Iles Du Soleil para Transamazone, quando chega no estado do Pará", completa.
Recepção
Para receber os velejadores, que chegam ao Pará no dia 1º de março, em Soure, o Governo do Estado e a Prefeitura Local vão promover um show folclórico no trapiche da cidade. Também haverá troca de presentes e a mensagem de boas-vindas organizada pela Seel. Os franceses vão visitar as fazendas Sanjo e Nossa Senhora do Carmo. Na chegada em Belém, os velejadores também serão homenageados antes de partirem para a última etapa do rallye pelas regiões de Marajó e Baixo Amazonas. A volta para casa só vai ocorrer no mês de abril, após a visita da cidade de Afuá, a última do roteiro em água paraenses.
Texto: Selma Amaral - Ascom/Seel
Com Bolsa Família, índice de crianças e adolescentes fora da escola cai 36%
O Bolsa Família reduz a evasão escolar em 36%, entre crianças de 6 a 16 anos, segundo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A proporção dos que não frequentam escola cai de 8,4% para 5,4% com o benefício. Os pesquisadores compararam populações semelhantes que recebem ou não o Bolsa Família, a partir de dados de 1999 e 2007, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As 12 milhões de famílias que recebem a bolsa têm de garantir que seus filhos menores de 15 anos compareçam a 85% das aulas a cada mês e, os de 16 e 17 anos, devem ir a 75%. Elas também têm de garantir a vacinação das crianças de até 6 anos de idade e consultas médicas regulares para mulheres grávidas ou que estejam amamentando.
Faixa etária – O impacto é maior no caso das crianças mais novas: de 6 a 10 anos de idade a variação positiva foi de 40% (a proporção de crianças dessa faixa etária que frequenta escola passou de 93,3% para 96,3%, com o programa); já para as faixas etárias de 11 a 14 anos e de 15 a 16 anos, a redução estimada na proporção de crianças fora da escola foi menor, atingindo quase 30%.
O efeito de uma política de longo prazo fica claro na análise dos dados sobre as crianças com ao menos oito anos de estudo. O Bolsa Família é responsável por quase 60% da queda na evasão escolar. O Inep avalia que o programa elevou a frequência deste grupo de estudantes de 81,7% para 91,9%. Para os pesquisadores isso se dá porque essa meninada é beneficiada desde o ensino fundamental. Além disso, a condição de relacionar o programa à escola ampliou a importância atribuída aos estudos pelos estudantes e também pelos pais.
Gênero – O impacto do Bolsa Família sobre a freqüência escolar é maior para meninos: cerca de 40% da proporção de meninos menores de 16 anos de idade, fazendo com que a proporção dos que frequentam passasse de 90,1% para 94,1%. Já no caso das meninas, a redução foi de cerca de 30% (93,1%, caso o programa não existisse, para 95,1%).
O maior efeito do programa sobre a frequência escolar dos meninos pode ser explicado, por um lado, pelo fato de eles tenderem a ser menos disciplinados na escola e a ter maiores oportunidades de trabalho. A obtenção da transferência de renda condicionada à frequência escolar pode ter mais que compensado a perda de renda associada ao trabalho de crianças e adolescentes do sexo masculino.
“Os indivíduos que, sem o programa, abandonariam a escola em determinada série ou nível de ensino, com a exigência, teriam o abandono postergado, o que levaria à elevação da frequência escola de pessoas com maior idade e nível de escolaridade”, conclui o estudo publicado na revista Na Medida, do Inep, número 6.
Fonte:Portal Brasil
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Do poder jovem: a carta de Michael Moore aos estudantes de Wisconsin
Da Carta Maior via email
Carta de Michael Moore aos estudantes de Wisconsin
"Os adultos jovens, em todos os cantos do mundo, principalmente no Oriente Médio, tomaram as ruas e derrubaram ditaduras. E, isso, sem disparar um único tiro. A coragem deles inspira outros. Vivemos hoje momento de imensa força, nesse instante, uma onda empurrada por adultos jovens está em marcha e não será detida", diz Michael Moore em carta enviada a estudantes do Estado de Wisconsin, que saíram às ruas contra um projeto para cortar direitos trabalhistas dos funcionários públicos do Estado.
Redação
Milhares de servidores públicos unidos a grupos estudantis realizaram protestos sábado (19) em frente ao Capitólio do estado norte-americano do Winsconsin, na cidade de Madison. Foi o quinto dia de manifestações contra um projeto de lei apresentado pelo novo governador, o republicano Scott Walker. O objetivo do projeto é cortar gastos do orçamento estadual através da supressão de direitos trabalhistas em todo o Estado. O suposto equilíbrio das contas do Estado ocorreria com a anulação dos convênios coletivos com os funcionários públicos. Entusiasmado com a mobilização dos estudantes, o cineasta Michael Moore enviou uma carta aberta para eles pedindo que se rebelem. Segue a carta:
Caros Estudantes:
Que inspiração, a de vocês, que se uniram aos milhares de estudantes das escolas de Wisconsin e saíram andando das salas de aula há quatro dias e agora estão ocupando o prédio do State Capitol e arredores, em Madison, exigindo que o governador pare de assaltar os professores e outros funcionários públicos !
Tenho de dizer que é das coisas mais entusiasmantes que vi acontecer em anos.
Vivemos hoje um fantástico momento histórico. E aconteceu porque os jovens em todo o mundo decidiram que, para eles, basta. Os jovens estão em rebelião – e é mais que hora!
Vocês, os estudantes, os adultos jovens, do Cairo no Egito, a Madison no Wisconsin, estão começando a erguer a cabeça, tomar as ruas, organizar-se, protestar e recusar a dar um passo de volta para casa, se não forem ouvidos. Totalmente sensacional!!
O poder está tremendo de medo, os adultos maduros e velhos tão convencidos que que fizeram um baita trabalho ao calar vocês, distraí-los com quantidades enormes de bobagens até que vocês se sentissem inpotentes, mais uma engrenagem da máquina, mais um tijolo do muro. Alimentaram vocês com quantidades absurdas de propaganda sobre “como o sistema funciona” e mais tantas mentiras sobre o que aconteceu na história, que estou admirado de vocês terem derrotado tamanha quantidade de lixo e estejam afinal vendo as coisas como as coisas são.
Fizeram o que fizeram, na esperança de que vocês ficariam de bico fechado, entrariam na linha e obedeceriam ordens e não sacudiriam o bote. Porque, se agitassem muito, não conseguiriam arranjar um bom emprego! Acabariam na rua, um freak a mais. Disseram que a política é suja e que um homem sozinho nunca faria diferença.
E por alguma razão bela, desconhecida, vocês recusaram-se a ouvir. Talvez porque vocês deram-se conta que nós, os adultos maduros, lhes estamos entregando um mundo cada vez mais miserável, as calotas polares derretidas, salários de fome, guerras e cada vez mais guerras, e planos para empurrá-los para a vida, aos 18 anos, cada um de vocês já carregando a dívida astronômica do custo da formação universitária que vocês terão de pagar ou morrerão tentando pagar.
Como se não bastasse, vocês ouviram os adultos maduros dizer que vocês talvez não consigam casar legalmente com quem escolherem para casar, que o corpo de vocês não pertence a vocês, e que, se um negro chegou à Casa Branca, só pode ter sido falcatrua, porque ele é imigrado ilegal que veio do Quênia.
Sim, pelo que estou vendo, a maioria de vocês rejeitou todo esse lixo. Não esqueçam que foram vocês, os adultos jovens, que elegeram Barack Obama. Primeiro, formaram um exército de voluntários para conseguir a indicação dele como candidato. Depois, foram as urnas em números recordes, em novembro de 2008. Vocês sabem que o único grupo da população branca dos EUA no qual Obama teve maioria de votos foi o dos jovens entre 18 e 29 anos? A maioria de todos os brancos com mais de 29 anos nos EUA votaram em McCain – e Obama foi eleito, mesmo assim!
Como pode ter acontecido? Porque há mais eleitores jovens em todos os grupos étnicos – e eles foram às urnas e, contados os votos, viu-se que haviam derrotado os brancos mais velhos assustados, que simplesmente jamais admitiriam ter no Salão Oval alguém chamado Hussein. Obrigado, aos eleitores jovens dos EUA, por terem operado esse prodígio!
Os adultos jovens, em todos os cantos do mundo, principalmente no Oriente Médio, tomaram as ruas e derrubaram ditaduras. E, isso, sem disparar um único tiro. A coragem deles inspira outros. Vivemos hoje momento de imensa força, nesse instante, uma onda empurrada por adultos jovens está em marcha e não será detida.
Apesar de eu, há muito, já não ser adulto jovem, senti-me tão fortalecido pelos acontecimentos recentes no mundo, que quero também dar uma mão.
Decidi que uma parte da minha página na Internet será entregue aos estudantes de nível médio para que eles – vocês – tenham meios para falar a milhões de pessoas. Há muito tempo procuro um meio de dar voz aos adolescentes e adultos jovens, que não têm espaço na mídia-empresa. Por que a opinião dos adolescentes e adultos jovens é considerada menos válida, na mídia-empresa, que a opinião dos adultos maduros e velhos?
Nas escolas de segundo grau em todos os EUA, os alunos têm ideias de como melhorar as coisas e questionam o que veem – e todas essas vozes e pensamentos são ou silenciadas ou ignoradas. Quantas vezes, nas escolas, o corpo de alunos é absolutamente ignorado? Quantos estudantes tentam falar, levantar-se em defesa de uma ou outra ideia, tentar consertar uma coisa ou outra – e sempre acabam sendo vozes ignoradas pelos que estão no poder ou pelos outros alunos?
Muitas vezes vi, ao longo dos anos, alunos que tentam participar no processo democrático, e logo ouvem que colégios não são democracias e que alunos não têm direitos (mesmo depois de a Suprema Corte ter declarado que nenhum aluno ou aluna perde seus direitos civis “ao adentrar o prédio da escola”).
Sempre fico abismado ao ver o quanto os adultos maduros e velhos falam aos jovens sobre a grande “democracia” dos EUA. E depois, quando os estudantes querem participar daquela “democracia”, sempre aparece alguém para lembrá-los de que não são cidadãos plenos e que devem comportar-se, mais ou menos, como servos semi-incapazes. Não surpreende que tantos jovens, quando se tornam adultos maduros, não se interessem por participar do sistema político – porque foram ensinados pelo exemplo, ao longo de 12 anos da vida, que são incompetentes para emitir opiniões em todos os assuntos que os afetam.
Gostamos de dizer que há nos EUA essa grande “imprensa livre”. Mas que liberdade há para produzir jornais de escolas de segundo gráu? Quem é livre para escrever em jornal ou blog sobre o que bem entender? Muitas vezes recebo matérias escritas por adolescentes, que não puderam ser publicadas em seus jornais de escola. Por que não? Porque alguém teria direito de silenciar e de esconder as opiniões dos adolescentes e adultos jovens nos EUA?
Em outros países, é diferente. Na Áustria, no Brasil, na Nicarágua, a idade mínima para votar é 16 anos. Na França, os estudantes conseguem parar o país, simplesmente saindo das escolas e marchando pelas ruas.
Mas aqui, nos EUA, os jovens são mandados obedecer, sentar e deixar que os adultos maduros e velhos comandem o show.
Vamos mudar isso! Estou abrindo, na minha página, um “JORNAL DA ESCOLA” [orig. "HIGH SCHOOL NEWSPAPER", em http://mikeshighschoolnews.com/]. Ali, vocês podem escrever o que quiserem, e publicarei tudo. Também publicarei artigos que vocês tenham escrito e que foram rejeitados para publicação nos jornais das escolas de vocês. Na minha página vocês serão livres e haverá um fórum aberto, e quem quiser falar poderá falar para milhões.
Pedi que minha sobrinha Molly, de 17 anos, dê o pontapé inicial e cuide da página pelos primeiros seis meses. Ela vai escrever e pedirque vocês mandem suas histórias e ideias e selecionará várias para publicar em MichaelMoore.com. Ali estará a plataforma que vocês merecem. É uma honra para mim que se manifestem na minha página e espero que todos aproveitem.
Dizem que vocês são “o futuro”. O futuro é hoje, aqui mesmo, já. Vocês já provaram que podem mudar o mundo. Aguentem firmes. É uma honra poder dar uma mão.
Tradução: Vila Vudu
Caros Estudantes:
Que inspiração, a de vocês, que se uniram aos milhares de estudantes das escolas de Wisconsin e saíram andando das salas de aula há quatro dias e agora estão ocupando o prédio do State Capitol e arredores, em Madison, exigindo que o governador pare de assaltar os professores e outros funcionários públicos !
Tenho de dizer que é das coisas mais entusiasmantes que vi acontecer em anos.
Vivemos hoje um fantástico momento histórico. E aconteceu porque os jovens em todo o mundo decidiram que, para eles, basta. Os jovens estão em rebelião – e é mais que hora!
Vocês, os estudantes, os adultos jovens, do Cairo no Egito, a Madison no Wisconsin, estão começando a erguer a cabeça, tomar as ruas, organizar-se, protestar e recusar a dar um passo de volta para casa, se não forem ouvidos. Totalmente sensacional!!
O poder está tremendo de medo, os adultos maduros e velhos tão convencidos que que fizeram um baita trabalho ao calar vocês, distraí-los com quantidades enormes de bobagens até que vocês se sentissem inpotentes, mais uma engrenagem da máquina, mais um tijolo do muro. Alimentaram vocês com quantidades absurdas de propaganda sobre “como o sistema funciona” e mais tantas mentiras sobre o que aconteceu na história, que estou admirado de vocês terem derrotado tamanha quantidade de lixo e estejam afinal vendo as coisas como as coisas são.
Fizeram o que fizeram, na esperança de que vocês ficariam de bico fechado, entrariam na linha e obedeceriam ordens e não sacudiriam o bote. Porque, se agitassem muito, não conseguiriam arranjar um bom emprego! Acabariam na rua, um freak a mais. Disseram que a política é suja e que um homem sozinho nunca faria diferença.
E por alguma razão bela, desconhecida, vocês recusaram-se a ouvir. Talvez porque vocês deram-se conta que nós, os adultos maduros, lhes estamos entregando um mundo cada vez mais miserável, as calotas polares derretidas, salários de fome, guerras e cada vez mais guerras, e planos para empurrá-los para a vida, aos 18 anos, cada um de vocês já carregando a dívida astronômica do custo da formação universitária que vocês terão de pagar ou morrerão tentando pagar.
Como se não bastasse, vocês ouviram os adultos maduros dizer que vocês talvez não consigam casar legalmente com quem escolherem para casar, que o corpo de vocês não pertence a vocês, e que, se um negro chegou à Casa Branca, só pode ter sido falcatrua, porque ele é imigrado ilegal que veio do Quênia.
Sim, pelo que estou vendo, a maioria de vocês rejeitou todo esse lixo. Não esqueçam que foram vocês, os adultos jovens, que elegeram Barack Obama. Primeiro, formaram um exército de voluntários para conseguir a indicação dele como candidato. Depois, foram as urnas em números recordes, em novembro de 2008. Vocês sabem que o único grupo da população branca dos EUA no qual Obama teve maioria de votos foi o dos jovens entre 18 e 29 anos? A maioria de todos os brancos com mais de 29 anos nos EUA votaram em McCain – e Obama foi eleito, mesmo assim!
Como pode ter acontecido? Porque há mais eleitores jovens em todos os grupos étnicos – e eles foram às urnas e, contados os votos, viu-se que haviam derrotado os brancos mais velhos assustados, que simplesmente jamais admitiriam ter no Salão Oval alguém chamado Hussein. Obrigado, aos eleitores jovens dos EUA, por terem operado esse prodígio!
Os adultos jovens, em todos os cantos do mundo, principalmente no Oriente Médio, tomaram as ruas e derrubaram ditaduras. E, isso, sem disparar um único tiro. A coragem deles inspira outros. Vivemos hoje momento de imensa força, nesse instante, uma onda empurrada por adultos jovens está em marcha e não será detida.
Apesar de eu, há muito, já não ser adulto jovem, senti-me tão fortalecido pelos acontecimentos recentes no mundo, que quero também dar uma mão.
Decidi que uma parte da minha página na Internet será entregue aos estudantes de nível médio para que eles – vocês – tenham meios para falar a milhões de pessoas. Há muito tempo procuro um meio de dar voz aos adolescentes e adultos jovens, que não têm espaço na mídia-empresa. Por que a opinião dos adolescentes e adultos jovens é considerada menos válida, na mídia-empresa, que a opinião dos adultos maduros e velhos?
Nas escolas de segundo grau em todos os EUA, os alunos têm ideias de como melhorar as coisas e questionam o que veem – e todas essas vozes e pensamentos são ou silenciadas ou ignoradas. Quantas vezes, nas escolas, o corpo de alunos é absolutamente ignorado? Quantos estudantes tentam falar, levantar-se em defesa de uma ou outra ideia, tentar consertar uma coisa ou outra – e sempre acabam sendo vozes ignoradas pelos que estão no poder ou pelos outros alunos?
Muitas vezes vi, ao longo dos anos, alunos que tentam participar no processo democrático, e logo ouvem que colégios não são democracias e que alunos não têm direitos (mesmo depois de a Suprema Corte ter declarado que nenhum aluno ou aluna perde seus direitos civis “ao adentrar o prédio da escola”).
Sempre fico abismado ao ver o quanto os adultos maduros e velhos falam aos jovens sobre a grande “democracia” dos EUA. E depois, quando os estudantes querem participar daquela “democracia”, sempre aparece alguém para lembrá-los de que não são cidadãos plenos e que devem comportar-se, mais ou menos, como servos semi-incapazes. Não surpreende que tantos jovens, quando se tornam adultos maduros, não se interessem por participar do sistema político – porque foram ensinados pelo exemplo, ao longo de 12 anos da vida, que são incompetentes para emitir opiniões em todos os assuntos que os afetam.
Gostamos de dizer que há nos EUA essa grande “imprensa livre”. Mas que liberdade há para produzir jornais de escolas de segundo gráu? Quem é livre para escrever em jornal ou blog sobre o que bem entender? Muitas vezes recebo matérias escritas por adolescentes, que não puderam ser publicadas em seus jornais de escola. Por que não? Porque alguém teria direito de silenciar e de esconder as opiniões dos adolescentes e adultos jovens nos EUA?
Em outros países, é diferente. Na Áustria, no Brasil, na Nicarágua, a idade mínima para votar é 16 anos. Na França, os estudantes conseguem parar o país, simplesmente saindo das escolas e marchando pelas ruas.
Mas aqui, nos EUA, os jovens são mandados obedecer, sentar e deixar que os adultos maduros e velhos comandem o show.
Vamos mudar isso! Estou abrindo, na minha página, um “JORNAL DA ESCOLA” [orig. "HIGH SCHOOL NEWSPAPER", em http://mikeshighschoolnews.com/]. Ali, vocês podem escrever o que quiserem, e publicarei tudo. Também publicarei artigos que vocês tenham escrito e que foram rejeitados para publicação nos jornais das escolas de vocês. Na minha página vocês serão livres e haverá um fórum aberto, e quem quiser falar poderá falar para milhões.
Pedi que minha sobrinha Molly, de 17 anos, dê o pontapé inicial e cuide da página pelos primeiros seis meses. Ela vai escrever e pedirque vocês mandem suas histórias e ideias e selecionará várias para publicar em MichaelMoore.com. Ali estará a plataforma que vocês merecem. É uma honra para mim que se manifestem na minha página e espero que todos aproveitem.
Dizem que vocês são “o futuro”. O futuro é hoje, aqui mesmo, já. Vocês já provaram que podem mudar o mundo. Aguentem firmes. É uma honra poder dar uma mão.
Tradução: Vila Vudu
A servidão voluntária
Recebi do Brasil! Brasil!
A servidão voluntária
Por Fábio Konder Comparato/Conversa Afiada/Carta CapitalAs rebeliões populares que sacodem atualmente o mundo árabe têm, entre outros méritos, o de derrubar, não só vários regimes políticos ditatoriais em cadeia, mas também um mito político há muito assentado. Refiro-me à convicção, partilhada por todos os soi-disant cientistas políticos, de que um povo sem organização prévia e não enquadrado por uma liderança partidária ou pessoal efetiva, é totalmente incapaz de se opor a governos mantidos por corporações militares bem treinadas e equipadas, com o apoio do poder econômico e financeiro do capitalismo internacional.
Pois bem, há quatro séculos e meio um pensador francês teve a ousadia de sustentar o contrário. Refiro-me a Etienne de la Boëtie, o grande amigo de Montaigne. No Discurso da Servidão Voluntária, publicado após a sua morte em 1563, ele pronunciou um dos mais vigorosos requisitórios contra os regimes políticos e governos opressores da liberdade, de todos os tempos.
Seu raciocínio parte do sentimento de espanto e perplexidade diante de um fato que, embora difundido no mundo todo, nem por isso deixa de ofender a própria natureza e o bom-senso mais elementar. O fato de que um número infinito de homens, diante do soberano político, não apenas consintam em obedecer, mas se ponham a rastejar; não só sejam governados, mas tiranizados, não tendo para si nem bens, nem parentes, nem filhos, nem a própria vida.
Seria isso covardia? Impossível, pois a razão não pode admitir que milhões de pessoas e milhares de cidades, no mundo inteiro, se acovardem diante de um só homem, em geral medíocre e vicioso, que os trata como uma multidão de servos.
Então, “que monstruoso vício é esse, que a palavra covardia não exprime, para o qual falta a expressão adequada, que a natureza desmente e a língua se recusa a nomear?”
Esse vício nada mais é do que a falta de vontade. Os súditos não precisam combater os tiranos nem mesmo defender-se diante dele. Basta que se recusem a servi-lo, para que ele seja naturalmente vencido. Uma nação pode não fazer esforço algum para alcançar a felicidade. Para obtê-la, basta que ela própria não trabalhe contra si mesma. “São os povos que se deixam garrotear, ou melhor, que se garroteiam a si mesmos, pois bastaria apenas que eles se recusassem a servir, para que os seus grilhões fossem rompidos”.
No entanto – coisa pasmosa e inacreditável! –, é o próprio povo que, podendo escolher entre ser escravo ou ser livre, rejeita a liberdade e toma sobre si o jugo. “Se para possuir a liberdade basta desejá-la, se é suficiente para tanto unicamente o querer, encontrar-se-á uma nação no mundo que acredite ser difícil adquirir a liberdade, pela simples manifestação desse desejo?”
O que La Boëtie certamente não podia imaginar é que, durante os primeiros séculos do Brasil colonial, foi muito difundida a prática da servidão voluntária de indígenas maiores de 21 anos. Encontrando-se eles em situação de extrema necessidade, a legislação portuguesa da época permitia que se vendessem a si mesmos, celebrando um contrato de escravidão perante um notário público.
De qual quer modo, prossegue o nosso autor, a aspiração a uma vida feliz, que existe em todo coração humano, faz com que as pessoas, em geral, desejem obter todos os bens capazes de lhes propiciar esse resultado. Há um só desses bens que elas, não se sabe por quê, não chegam nem mesmo a desejar: é a liberdade. Será que isto ocorre tão-só porque ela pode ser facilmente obtida?
Afinal, de onde o governante, em todos os paises, tira a força necessária para manter os súditos em estado de permanente servidão? Deles próprios, responde La Boëtie.
“De onde provêm os incontáveis espiões que vos seguem, senão do vosso próprio meio? De que maneira dispõe ele [o tirano] de tantas mãos para vos espancar, se não as toma emprestadas a vós mesmos? E os pés que esmagam as vossas cidades, não são vossos? Tem ele, enfim, algum poder sobre vós, senão por vosso próprio intermédio?”
A conclusão é lógica: para derrubar os tiranos, os povos não precisam guerreá-los. “Tomai a decisão de não mais servir, e sereis livres”. Aí está, avant la lettre, toda a teoria da desobediência civil, que veio a ser desenvolvida muito depois que aquelas linhas foram escritas.
É de completa evidência, prossegue o autor, que somos todos igualmente livres, pela nossa própria natureza; e que o liame que sujeita uns à dominação dos outros é algo de puramente artificial. Mas então, como explicar que esse artifício seja considerado normal e a igualdade entre os homens não exista praticamente em lugar nenhum?
Para explicar esse absurdo da servidão voluntária, La Boëtie aponta algumas causas: o costume tradicional, a degradação programada da vida coletiva, a mistificação do poder, o interesse.
Foi por força do hábito, diz ele, que desde tempos imemoriais os homens contraíram o vício de viver como servos dos governantes. E esse vício foi, ao depois, apresentado como lei divina.
É também verdade que alguns governantes decidiram tornar mais amena a condição de escravo, imposta aos súditos, criando um sistema oficial de prazeres públicos; como, por exemplo, os espetáculos de “pão e circo”, organizados pelos imperadores romanos.
Outro fator a concorrer para o mesmo efeito foi o ritual mistificador que os poderosos sempre mantiveram em torno de suas pessoas, oferecidas à devoção popular. O grotesco ditador Kadafi, com seus trejeitos de mau ator de opereta, nada mais fez do que reproduzir, mediocremente, vários tiranos do passado. “Antes de cometerem os seus crimes, mesmo os mais revoltantes”, lembrou La Boëtie, “eles os fazem preceder de belos discursos sobre o bem geral, a ordem pública e o consolo a ser dado aos infelizes”.
Por fim, a última causa geradora do regime de servidão voluntária, aquela que La Boëtie considera “o segredo e a mola mestra da dominação, o apoio e fundamento de toda tirania”, é a rede de interesses pessoais, formada entre os serviçais do regime. Em degraus descendentes, a partir do tirano, são corrompidas camadas cada vez mais extensas de agentes da dominação, mediante o atrativo da riqueza e das vantagens materiais.
No Egito de Mubarak, por exemplo, oficiais graduados das forças armadas ocupavam cargos de direção, muito bem remunerados, nas principais empresas do país, privadas ou públicas. Algo não muito diverso ocorreu entre nós durante o vintenário regime militar, com a tácita aprovação dos meios de comunicação de massa, a serviço do poder econômico capitalista.
Pois bem, se voltarmos agora os olhos para este “florão da América”, veremos um espetáculo bem diverso daquele que nos fascina, hoje, no Oriente Médio. Aqui, o povo não tem a menor consciência de ser explorado e consumido. As nossas classes dirigentes, perfeitamente instruídas na escola do capitalismo, nunca mostram suas fuças na televisão. Deixam essa tarefa para seus aliados no mundo político. Elas são anônimas, como a sociedade por ações. E o jugo que exercem é insinuante e atraente como um anúncio publicitário.
Por estas bandas o povão vive tranqüilo e feliz, na podridão e na miséria.
Comentário do editor deste blog:
Pois bem, há quatro séculos e meio um pensador francês teve a ousadia de sustentar o contrário. Refiro-me a Etienne de la Boëtie, o grande amigo de Montaigne. No Discurso da Servidão Voluntária, publicado após a sua morte em 1563, ele pronunciou um dos mais vigorosos requisitórios contra os regimes políticos e governos opressores da liberdade, de todos os tempos.
Seu raciocínio parte do sentimento de espanto e perplexidade diante de um fato que, embora difundido no mundo todo, nem por isso deixa de ofender a própria natureza e o bom-senso mais elementar. O fato de que um número infinito de homens, diante do soberano político, não apenas consintam em obedecer, mas se ponham a rastejar; não só sejam governados, mas tiranizados, não tendo para si nem bens, nem parentes, nem filhos, nem a própria vida.
Seria isso covardia? Impossível, pois a razão não pode admitir que milhões de pessoas e milhares de cidades, no mundo inteiro, se acovardem diante de um só homem, em geral medíocre e vicioso, que os trata como uma multidão de servos.
Então, “que monstruoso vício é esse, que a palavra covardia não exprime, para o qual falta a expressão adequada, que a natureza desmente e a língua se recusa a nomear?”
Esse vício nada mais é do que a falta de vontade. Os súditos não precisam combater os tiranos nem mesmo defender-se diante dele. Basta que se recusem a servi-lo, para que ele seja naturalmente vencido. Uma nação pode não fazer esforço algum para alcançar a felicidade. Para obtê-la, basta que ela própria não trabalhe contra si mesma. “São os povos que se deixam garrotear, ou melhor, que se garroteiam a si mesmos, pois bastaria apenas que eles se recusassem a servir, para que os seus grilhões fossem rompidos”.
No entanto – coisa pasmosa e inacreditável! –, é o próprio povo que, podendo escolher entre ser escravo ou ser livre, rejeita a liberdade e toma sobre si o jugo. “Se para possuir a liberdade basta desejá-la, se é suficiente para tanto unicamente o querer, encontrar-se-á uma nação no mundo que acredite ser difícil adquirir a liberdade, pela simples manifestação desse desejo?”
O que La Boëtie certamente não podia imaginar é que, durante os primeiros séculos do Brasil colonial, foi muito difundida a prática da servidão voluntária de indígenas maiores de 21 anos. Encontrando-se eles em situação de extrema necessidade, a legislação portuguesa da época permitia que se vendessem a si mesmos, celebrando um contrato de escravidão perante um notário público.
De qual quer modo, prossegue o nosso autor, a aspiração a uma vida feliz, que existe em todo coração humano, faz com que as pessoas, em geral, desejem obter todos os bens capazes de lhes propiciar esse resultado. Há um só desses bens que elas, não se sabe por quê, não chegam nem mesmo a desejar: é a liberdade. Será que isto ocorre tão-só porque ela pode ser facilmente obtida?
Afinal, de onde o governante, em todos os paises, tira a força necessária para manter os súditos em estado de permanente servidão? Deles próprios, responde La Boëtie.
“De onde provêm os incontáveis espiões que vos seguem, senão do vosso próprio meio? De que maneira dispõe ele [o tirano] de tantas mãos para vos espancar, se não as toma emprestadas a vós mesmos? E os pés que esmagam as vossas cidades, não são vossos? Tem ele, enfim, algum poder sobre vós, senão por vosso próprio intermédio?”
A conclusão é lógica: para derrubar os tiranos, os povos não precisam guerreá-los. “Tomai a decisão de não mais servir, e sereis livres”. Aí está, avant la lettre, toda a teoria da desobediência civil, que veio a ser desenvolvida muito depois que aquelas linhas foram escritas.
É de completa evidência, prossegue o autor, que somos todos igualmente livres, pela nossa própria natureza; e que o liame que sujeita uns à dominação dos outros é algo de puramente artificial. Mas então, como explicar que esse artifício seja considerado normal e a igualdade entre os homens não exista praticamente em lugar nenhum?
Para explicar esse absurdo da servidão voluntária, La Boëtie aponta algumas causas: o costume tradicional, a degradação programada da vida coletiva, a mistificação do poder, o interesse.
Foi por força do hábito, diz ele, que desde tempos imemoriais os homens contraíram o vício de viver como servos dos governantes. E esse vício foi, ao depois, apresentado como lei divina.
É também verdade que alguns governantes decidiram tornar mais amena a condição de escravo, imposta aos súditos, criando um sistema oficial de prazeres públicos; como, por exemplo, os espetáculos de “pão e circo”, organizados pelos imperadores romanos.
Outro fator a concorrer para o mesmo efeito foi o ritual mistificador que os poderosos sempre mantiveram em torno de suas pessoas, oferecidas à devoção popular. O grotesco ditador Kadafi, com seus trejeitos de mau ator de opereta, nada mais fez do que reproduzir, mediocremente, vários tiranos do passado. “Antes de cometerem os seus crimes, mesmo os mais revoltantes”, lembrou La Boëtie, “eles os fazem preceder de belos discursos sobre o bem geral, a ordem pública e o consolo a ser dado aos infelizes”.
Por fim, a última causa geradora do regime de servidão voluntária, aquela que La Boëtie considera “o segredo e a mola mestra da dominação, o apoio e fundamento de toda tirania”, é a rede de interesses pessoais, formada entre os serviçais do regime. Em degraus descendentes, a partir do tirano, são corrompidas camadas cada vez mais extensas de agentes da dominação, mediante o atrativo da riqueza e das vantagens materiais.
No Egito de Mubarak, por exemplo, oficiais graduados das forças armadas ocupavam cargos de direção, muito bem remunerados, nas principais empresas do país, privadas ou públicas. Algo não muito diverso ocorreu entre nós durante o vintenário regime militar, com a tácita aprovação dos meios de comunicação de massa, a serviço do poder econômico capitalista.
Pois bem, se voltarmos agora os olhos para este “florão da América”, veremos um espetáculo bem diverso daquele que nos fascina, hoje, no Oriente Médio. Aqui, o povo não tem a menor consciência de ser explorado e consumido. As nossas classes dirigentes, perfeitamente instruídas na escola do capitalismo, nunca mostram suas fuças na televisão. Deixam essa tarefa para seus aliados no mundo político. Elas são anônimas, como a sociedade por ações. E o jugo que exercem é insinuante e atraente como um anúncio publicitário.
Por estas bandas o povão vive tranqüilo e feliz, na podridão e na miséria.
Comentário do editor deste blog:
Excelente texto, reproduzo com a esperança de que, através dos leitores deste blog, ele chegue a mais pessoas e seja contextualizado na realidade dos nossos municípios marajoaras, onde, com raras exceções, gestores se proclamam donos do município que "administram" quando impõem suas vontades e caprichos e nós, munícipes, achando que não podemos fazer nada até a próxima eleição, acomodado nos como corderinhos "à bel prazer" do gestor municipal.
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