sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Reeleger Ana Júlia, tarefa de uma geração


Por Leopoldo Vieira

Como vem ocorrendo em todos os debates, o tema Juventude foi amplamente discutido, mas sempre como um apelo retórico dos demais candidatos.

Ana Júlia foi a única que fez uma pergunta específica que, no caso do sorteio, caiu para o candidato do PSTU responder: “Cleber, você acha que é possível um projeto de desenvolvimento sem políticas públicas para a juventude?”
Isso aconteceu porque Ana Júlia considera os jovens o elo decisivo entre o Pará do “Já teve” e o Pará que cresce, se industrializa e promove justiça social, por isso investe em políticas como o Bolsa-Trabalho, reforma escolas, realiza a meia-passagem intermunicipal, garante os kits escolares, introduziu o Navegapará, e tantas outras medidas.

Como não vêem o jovem como estratégico, portanto prioridade, as demais candidaturas “choveram no molhado”.
Jatene sequer abordou o assunto, até porque pouco fez pela juventude em seu governo, deixando o Pará em 9º lugar no Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ-UNESCO).
PSOL e PSTU afirmaram que nada é feito para tirar o jovem da criminalidade, das ruas e que faltam investimentos em esporte, cultura e lazer, chegando ao cúmulo de afirmar que os 22 mil jovens egressos do Bolsa-Trabalho direto ao mercado de trabalho, com carteira assinada, nada representa, pois isso corresponderia a somente 0,5% da população economicamente ativa.
Não sabem do que falam.
Segundo a CAGED, 80% dos empregos gerados no Brasil (14 milhões) desde 2003, foram ocupados por jovens. Logo, dos 40 mil empregados gerados por Ana Júlia no Pará, também tiveram percentual semelhante. O Bolsa-Trabalho se propõe a qualificar sim uma parcela da juventude extremamente pobre e marginalizada, em situação de risco, com baixíssima escolaridade, e promove uma revolução de oportunidades, tirando ela da mais completa falta de perspectiva para a economia formal, com direitos trabalhistas. Exatamente por isso, o Bolsa-Trabalho ajuda a combater a entrada dos jovens no crime.
Ana Júlia transformou em lei uma reivindicação histórica da juventude, que é o direito de pagar meia-passagem em transportes terrestres e aquaviários, para ir às escolas e universidades estudar. Agora, 100 mil jovens não deixarão de se formar e concluir seus estudos básicos porque não tem como pagar passagens. Com a meia-passagem intermunicipal e os kits escolares, Ana Júlia desonerou de forma significativa a renda doméstica familiar e deu condições dignas de estudo para jovens que antes sequer podiam comprar o material básico para um bom aprendizado.

Mas desonerar a renda doméstica não é um fim em si. Fazendo isso, ela contribui para amenizar um dos problemas fundamentais da educação: o abandono da escola, por parte dos jovens, em busca de trabalho, precocemente; ou a necessidade inviável de conciliar estudo bem aproveitado com jornada de trabalho.
Com a reforma de 650 escolas, melhora o ambiente de estudo e o desempenho escolar. Não é à toa que o Pará sai de 2,3 para 3,1 no Ideb, tendo crescido o dobro do resto do país e alcançando a meta estipulada pelo MEC para o estado.

Quem vê o Navegapará, como os demais candidatos, como “lan houses”, está por fora do século XXI. Isso, além de possibilitar que o jovem do interior, o de baixa renda, possa ter acesso ao entretenimento, informação e socialização virtual que só os jovens mais ricos gozavam, também pode desenvolver seu aprendizado pela educação à distância, portanto suas condições de formular seu projeto de vida e seus conhecimentos para as relações sociais e o mercado, e o mais importante: não serão analfabetos digitais, a maior tragédia que poderia acontecer para uma geração nascida no interior de uma inédita revolução tecno-informacional.
Sem contar que, na área cultural, a SECULT inovou, e selecionou editais específicos de cultura, que são voltados ao financiamento de atividades artísticas paraenses, só para jovens artistas e produtores culturais. Uma oportunidade enorme para eles fazerem o que gostam e ajudar a valorizar nossa cultura, num estado onde ela sempre foi vista como grande evento.
Mas, o melhor ainda estar por vir.
Para impedir que o jovem de baixa renda abandone a escola, o programa de governo de Ana Júlia prevê a bolsa-educação, que vai possibilitar que ele não precisa largar os estudos para trabalhar tão cedo, antes de concluir o ensino médio. Também prevê esta mesma bolsa para egressos do ProJovem e Bolsa-Trabalho, para que eles possam seguir estudando após a qualificação profissional os recolocar no mercado de trabalho.

Para estruturar o tempo livre saudável, os 13 pontos de Ana Júlia “para acelerar as oportunidades da juventude”, prevê a interiorização, com referência onde tem Bolsa-Trabalho e ProJovem, das CASAs da Juventude, incluindo, agora, espaços para cultura (anfiteatros e salas de projeção), esporte (quadras/campos poliesportivos) e lazer, com cursinhos populares, bolsas-atleta e editais de cultura da juventude vinculados aos projetos desenvolvidos nesses centros, valorizando o jovem esportista e artista do município em questão. Oportunidade para a “galera” e para a cidade de modo geral mudar seus indicadores.
Esses são os dois carros-chefes da política de juventude “acelerada” do segundo mandato, mas não pára por aí.

Para responder a uma questão urgente, conforme a “CPI da Pedofilia” verificou, o Bolsa-Trabalho terá reserva de vagas para jovens vítimas da exploração sexual, para que elas tenham uma oportunidade de fato de mudar de vida.
A Emater terá uma assessoria técnica voltada só aos jovens rurais, para seus projetos poderem acessar o crédito agrícola do Ministério do Desenvolvimento Agrário e as escolas tecnológicas terão, também, cotas para essa juventude do campo, que representa 43% da população juvenil do estado, e vai ela mesmo aprender a gerenciar e produzir para alimentar a sociedade.
No segundo mandato, teremos a introdução das cotas sócio-raciais na UEPA, para abrirmos o reconhecido curso de Medicina, por exemplo, para jovens de baixa renda e afrodescentes que, inclusive, por terem uma vida longe de ser fácil, poderão dar um novo ponto de vista para os profissionais que saem dali, sobre a questão, por exemplo, da falta de médicos do interior.
Se é verdade que o Pará tem a maior taxa de analfabetismo do Norte brasileiro, isso não passa em branco pela candidata Ana Júlia, que planeja, além de fortalecer o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos-MOVA, enolver, a partir de um projeto de vivência, estudantes universitários para uma grande campanha de erradicação do analfabetismo, especialmente o juvenil, porque não podemos mais conceber, por justiça e pelos desafios que temos, mais uma geração de analfabetos.

Para completar o avanço, uma política estruturante que vê o jovem como motor do desenvolvimento com justiça social, à exemplo do que ocorre nacionalmente, Ana Júlia já prepara um amplo estudo, via IDESP, para o Poder Público conhecer todos os detalhes da condição socioeconômico-cultural dos jovens paraenses, para desenvolver um Plano estadual de oportunidades, válido por 10 anos, consistindo no planejamento do investimento na atual geração para fazer o Pará chegar ao século XXI.
Por fim, se no Brasil, a juventude se entusiasma com a grande fase do país, com crescimento de 5%/ano em média, Copa do Mundo, Olimpíadas, descoberta do pré-sal, passar da condição de devedor à credor do FMI, a transição de 30 milhões de pessoas da pobreza à classe média etc., no Pará, a Alpa e o Pólo do Biodiesel são dois paradigmas de que a tarefa política da atual geração neste momento é reeleger Ana Júlia governadora.

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LEOPOLDO VIEIRA é coordenador de juventude da campanha de Dilma Rousseff no Pará e autor de Juventude: Novas Bandeiras.


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