segunda-feira, 29 de março de 2010

Vítimas de escalpelamento são avaliadas por Cirurgiões

Cirurgiões plásticos avaliam 64 vítimas de escalpelamento

Da Redação
Agência Pará

Sessenta e quatro vítimas de escalpelamento, sendo 60 do Pará e quatro do Amapá, foram avaliadas por 14 cirurgiões plásticos no I Mutirão para Avaliação de Pacientes Vítimas de Escalpelamento para Cirurgia Plástica Reparadora, realizado, neste sábado (27), na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará.

O evento é resultado de parceria entre a Santa Casa, Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Secretaria de Estado de Governo (Segov), Defensoria Pública da União e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica-Seção Pará (SBCP-PA).

O objetivo foi avaliar o quadro clínico de cada paciente para saber se há possibilidade de passarem por cirurgias plásticas, que reduzam as sequelas do acidente, melhorem a estética e elevem a autoestima.

A programação começou com uma solenidade, contando com a presença da secretária de Estado de Saúde Pública, Silvia Comaru, do presidente da Santa Casa, Maurício Bezerra, do vice-presidente da SBCP, Ogneves Meireles Cosac, da presidente da SBC-PA, Lastênia Menezes, da defensora pública da União, Luciene Strada, e do Capitão dos Portos da Amazônia Oriental, José Roberto Bueno Júnior, além de profissionais das diversas instituições envolvidas na ação.

Enquanto aguardavam a avaliação médica, os pacientes tiveram a oportunidade de participar de diversas atividades como palestras sobre Transferência de Renda e Sexualidade e dinâmicas integrativas, conduzidas pela equipe de Terapia Ocupacional da Santa Casa e de Terapia Comunitária da Sespa, com apoio da Extrafarma, que garantiu fotógrafo e impressão de fotos para os pacientes durante as atividades.

A vinda dos pacientes foi organizada pelo Programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) da Sespa, que assegurou passagens e diárias para cerca de 100 pessoas entre pacientes e acompanhantes.

Segundo a enfermeira Iraquelma Nascimento, o governo do Estado, por meio da Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento e Projeto Rios de Saúde, tem desenvolvido ações sócio-educativas e busca ativa de vítimas de escalpelamento nos municípios paraenses, tendo atualmente 260 pacientes cadastrados, incluindo os atendidos pelo Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives) na Santa Casa. A proposta é que outros mutirões sejam realizados até que todos sejam beneficiados.

Desde 2008, a Comissão também vem incentivando a implantação das Comissões Municipais. Hoje já existem 14 em funcionamento, incluindo as dos municípios de Moju e Igarapé-Miri, que foram criadas com a ajuda da ONG Sarapó.

Desde 2006, quando foi implantado, o Paives recebeu 67 vítimas de escalpelamento, sendo 12 em 2006, 24 em 2007, 12 em 2008 e 19 em 2009. A boa notícia é que de janeiro a março de 2009, o Pará já havia registrado seis acidentes com escalpelamento e no mesmo período deste ano, nenhum caso foi registro. Esse já é um resultado positivo das ações de prevenção que vêm sendo desenvolvidas no Pará.

A coordenadora do Paives, Socorro Belarmino, informou que os pacientes avaliados farão exames pré-operatórios e que daqui a 30 a 45 dias as cirurgias comecem a ser realizadas na Santa Casa pelos mesmos médicos. Todos os exames necessários já foram marcados.
A ideia inicial era que cada paciente fosse avaliado por um médico, mas os representantes da SBCP decidiram que cada paciente seria avaliado por todos, o que aumentou o tempo de espera.

O cirurgião plástico Vitor Aita, da Santa Casa e membro da SBCP explicou que a finalidade das cirurgias plásticas é promover a melhor integração das vítimas à sociedade, a partir da redução das sequelas, principalmente nos olhos, corrigindo pálpebras, cílios e sobrancelha; e nas orelhas, com colocação de próteses auriculares.

A paciente mais idosa avaliada foi a senhora Raimunda Monteiro, de 82 anos, que sofreu escalpelamento parcial em 1970, no interior de Santarém. Segundo sua filha Zélia Monteiro Rego, dona Raimunda ainda se queixa de tonturas e, de vez em quando, surge irritações na sua cabeça. Ela será avaliada novamente.

A menina Waldicléia, de 12 anos, fará cirurgia plástica no rosto e na coxa de onde é retirada pele para enxerto na cabeça. Sua mãe Ermina Brito dos Santos disse que ainda não superou o trauma do acidente que aconteceu há um ano e disse que ainda falta muito para isso acontecer.

Já Larissa, de dez anos, acidentada há um ano e nove meses, fará correções na orelha e sobrancelha. Sua mãe Maria Ferreira Cardoso vê com alegria a possibilidade de melhora estética, mas lamenta a falta do cabelo que "nunca mais vai crescer".

Ela informou, ainda que Larissa voltou para escola, em Breves, onde mora, e que foi muito importante a participação da filha no Programa Prosseguir, evitando que ela se atrasasse nos estudos por causa do acidente.

A única vítima do sexo masculino atendida no mutirão foi Márcio Brasil, de 20 anos, que sofreu acidente em Melgaço quando ele tinha apenas quatro anos. Sua amiga Silvia Lemos contou que ele já passou por cirurgia na Santa Casa para colocação de um expansor de pele, mas como houve rejeição, ele ficou decepcionado, mas agora vai retomar o tratamento. Márico perdeu as orelhas no acidente, o que o impede de usar óculos, apesar de ter problema de visão.

Roberta Vilanova - Fundação Santa Casa

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